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ETA oficializa dissolução e põe fim a toda a atividade política

A organização separatista basca ETA oficializou esta quinta-feira a sua dissolução total e o fim da sua atividade política, depois de dezenas de anos de atentados em que fez mais de 800 vítimas mortais.

Vincent West

"A ETA desmantelou o conjunto das suas estruturas. A ETA declara que põe fim a toda a atividade política", afirma a organização, considerada "terrorista" pela União Europeia, numa "declaração final" publicada no jornal Berria e no portal da internet Naiz.info.

A ETA assegura nesse texto que "não será mais um agente que manifeste posições políticas, promova iniciativas ou interpele outros atores" e faz acompanhar essa declaração com um vídeo em que se ouve a voz de uma série de históricos da organização.

A organização foi fundada em 1959, durante a ditadura de Francisco Franco, e fez mais de 800 mortos numa série de atentados em Espanha e em França em nome da independência do País Basco espanhol e francês, assim como da região espanhola de Navarra.

A ETA já tinha renunciado à violência em 2011 e entregado em 2017 aquilo que assegurou serem as suas últimas armas.A organização recusou até 2016 o seu desarmamento e dissolução, pedidas por Madrid e Paris, exigindo até ao último momento o início de negociações para libertar os seus membros presos (cerca de 360, dos quais 75 em França).

O anúncio da sua dissolução deverá ser seguido esta sexta-feira por uma "conferência internacional" para assinalar a boa-fé da organização.Na declaração feita hoje, a organização sustenta que "não tem medo" do "cenário democrático" e que a decisão é a "sequência lógica" depois de ter abandonado a luta armada.

A dissolução da ETA significa o fim do último dos grandes grupos terroristas europeus que, muito antes do jihadismo islâmico, lançaram ataques em todo o continente, principalmente nos anos setenta e oitenta do século passado.

O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, já garantiu que irá manter a mesma política face à ETA, apesar do anúncio da sua dissolução.

O chefe do executivo espanhol classificou as cartas, comunicados e vídeos da organização terrorista como "ruído" e "propaganda" e sublinhou que a organização não obteve nada quando matava e assassinava, nem vai obter agora.

Lusa

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