Salah Abdeslam, único sobrevivente do grupo responsável pelos atentados de novembro de 2015 em Paris, e o seu cúmplice tunisino Sofiane Ayari foram hoje condenados a 20 anos de prisão pela participação num tiroteio com a polícia belga.
O tribunal correcional de Bruxelas considerou os dois jihadistas culpados de tentativa de assassínio de cariz terrorista pela participação num tiroteio com a polícia belga, em 15 de março de 2016, no bairro de Forest, em Bruxelas. Três polícias ficaram feridos na troca de tiros.
"A sua fixação no radicalismo não deixa margem para dúvida", considerou o tribunal
A 5 de fevereiro, durante a primeira sessão do julgamento, Abdeslam recusou mesmo levantar-se no início do interrogatório perante a juíza que preside à sessão, e anunciou desde logo que não iria responder a quaisquer questões, delegando a sua defesa no seu advogado.
"O meu silêncio não faz de mim um criminoso, é a minha defesa", argumentou Abdeslam, que também tem recusado colaborar com as autoridades em França, onde se encontra detido para ser julgado pelo seu envolvimento nos mais mortíferos atentados cometidos em solo francês, em 13 de novembro de 2015, que provocaram 130 mortos.
De acordo com a Procuradoria federal belga, os atentados de Paris e os de Bruxelas, bem como o ataque gorado no comboio de alta velocidade Thalys entre Amesterdão e Paris, em agosto de 2015, estão relacionados e resultam "provavelmente de uma única operação" do grupo terrorista autoproclamado Estado Islâmico.
Filho de pais marroquinos, Salah Abdeslam é o recluso mais vigiado em França, onde se encontra detido no estabelecimento prisional de Fleury-Mérogis, a sul de Paris.
Em 15 de março de 2016, durante uma rotineira operação de buscas num dos apartamentos bruxelenses utilizados pela célula terrorista, na comuna de Forest, um jihadista argelino, Mohamed Belkaid, foi abatido, tendo, no entanto, dado cobertura à fuga de Abdeslam -- cujas impressões digitais foram descobertas na casa -- e do tunisino Ayari.
Três polícias ficaram feridos durante a troca de tiros que permitiu que Abdeslam fugisse.
Os dois jihadistas foram detidos três dias mais tarde, em Molenbeek, pondo fim a uma longa "caça ao homem", já que Abdeslam era o suspeito mais procurado em solo europeu desde os atentados de 13 de novembro de 2015, em que terá desempenhado um papel importante.
Abdeslam é suspeito de ter desempenhado um papel fundamental nos preparativos dos ataques mais mortíferos alguma vez cometidos em França, ao alugar os carros utilizados nos atentados, os apartamentos utilizados pelos elementos da célula terrorista, e ao transportar membros desta através da Europa.
Na noite de 13 de novembro, também transportava um cinto de explosivos, desconhecendo-se ainda se não se fez explodir por problema técnico ou por ter mudado de ideias, mas esse julgamento terá lugar em França, depois do processo em Bruxelas.
Com Lusa