O tubarão albafar é das criaturas mais antigas na Terra. Os seus antepassados são anteriores aos dinossauros, datam de há 250 milhões de anos, 20 milhões de anos antes dos dinossauros. E mesmo sendo tão antigo, permanece um quase desconhecido para os cientistas.
Distingue-se dos outros tubarões por ter um par de guelras extra, é por isso conhecido em inglês como "sixgills sharks", tubarões de seis guelras. Pode atingir os cinco metros de comprimento e pesar 600 kg e vive a cerca de 2500 metros de profundidade em zonas subtropicais - existem no mar dos Açores e da Madeira.
Sempre se soube da existência de duas espécies do género Hexanchus: Hexanchus griseus - que pode viver até aos 2500 metros de profundidade - e Hexanchus nakamurai - um pouco mais pequeno e que vive a um pouco menos de profundidade. O Hexanchus vitulus - ou tubarão albafar do Atlântico - é a terceira espécie agora determinada pela equipa do Instituto de Tecnologia da Florida, ao estudar o código genético destes grandes peixes.
"Nós demonstramos que os tubarões de seis guelras no Atlântico são realmente muito diferentes daqueles nos oceanos Índico e Pacífico ao nível molecular, a ponto de serem obviamente duas espécies distintas, apesar de parecerem semelhantes a olho nu", explicou a bióloga Toby Daly-Engel, do Instituto de Tecnologia da Florida, que liderou a equipa que envolveu cientistas da MarAlliance em Belize, da State University Coastal and Marine Laboratory, da National Marine Fisheries Service e da Southeast Fisheries Science Center, todos na Florida.
Os cientistas analisaram 1310 pares de bases de dois genes mitocondriais (de origem materna) e encontraram diferenças genéticas que determinam a existência de espécies diferentes.
Além disso, existem algumas características físicas que corroboram a descoberta: os tubarões de seis guelras do Atlântico são mais pequenos que os primos do Índico e do Pacífico, alcançando no máximo 1,8 metros de comprimento e têm os dentes do maxilar inferior semelhantes a uma serra.
Esta nova classificação é importante para a conservação destas espécies, muito afetadas pela pesca intensiva, além de trazer uma nova luz ao conhecimento das profundezas dos oceanos.
O estudo e as conclusões foram publicados na revista Marine Biodiversity.