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Cruz Vermelha diz ser impossível distribuir ajuda em cinco horas de cessar-fogo

O Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) advertiu esta terça-feira que "em cinco horas é impossível" levar uma coluna de ajuda humanitária até à região síria da Ghouta Oriental, o principal bastião opositor sitiado pelas tropas, nos arredores de Damasco.

Criança hospitalizada após bombardeamentos de hoje em Damasco, na Síria.
Bassam Khabieh

"Temos uma longa experiência de transporte de ajuda pelas frentes de guerra na Síria e sabemos que pode levar um dia simplesmente a passar os postos de controlo, embora haja acordos prévios com todas as partes", disse em comunicado o responsável regional do CICV para o Médio Oriente, Robert Mardini.

Hoje foi o primeiro dia da pausa humanitária, patrocinada pela Rússia, na Ghouta Oriental, onde o fim das hostilidades se manteve entre as 09:00 e as 14:00 locais (07:00 e 12:00 em Lisboa) e onde está previsto que haja tréguas semelhantes todos os dias.Mardini recordou que, uma vez atravessados os postos de controlo, as colunas têm que descarregar a ajuda.

"No passado, tivemos que passar a noite em determinados locais, apesar dos riscos de segurança para nós, já que não havia outra forma de levar assistência que salva vidas a quem dela necessita", indicou.

Sobre a iniciativa de abrir corredores humanitários na Ghouta Oriental, na qual o CICV já disse que não tomará parte, Mardini precisou que esse tipo de medida deve estar "bem planeado e ser aplicado com o consentimento de todas as partes".

"Essa é a única maneira de as pessoas poderem sair em segurança, se optarem por fazê-lo", disse Mardini.

A televisão oficial síria anunciou hoje que as autoridades tinham escolhido um corredor na zona de Al-Wafidin para facilitar a saída daqueles civis que desejarem abandonar a Ghouta Oriental, mas indicou que nenhum cidadão o utilizou devido ao disparo de 'rockets'.

Mardini considerou que devem ser tomadas todas as medidas para permitir "a livre circulação" dos civis que decidam ir embora por vontade própria e que se lhes deve proporcionar ajuda e refúgio.

"Aqueles que ficarem devem ser protegidos de qualquer ataque", sublinhou o responsável do CICV, para quem "é essencial" que se autorize de imediato a entrada de abastecimentos humanitários para salvar vidas.

Nesse sentido, afirmou que "nesta etapa crítica, qualquer iniciativa que dê aos civis um intervalo destas hostilidades incessantes é positivo".

"O CICV, juntamente com o Crescente Vermelho na Síria, está preparado para aceder à área e distribuir a tão necessária ajuda humanitária às pessoas afetadas pelos combates", asseverou.

O responsável do CICV frisou também que a principal necessidade das pessoas da Ghouta Oriental é o acesso a medicamentos e a assistência médica.

"Muita gente na Ghouta Oriental, tanto doentes como feridos, teriam obtido o tratamento necessário, se os medicamentos tivessem sido distribuídos de forma habitual na área", observou.

Lusa

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