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"Número dois" da UNICEF demite-se face acusações de conduta inapropriada com mulheres

O "número dois" da UNICEF, o britânico Justin Forsyth, apresentou demissão após ter sido acusado de comportamento inapropriado com colegas mulheres quando trabalhava na organização Save the Children, anunciou esta quinta-feira a agência das Nações Unidas.

Carmelo Imbesi

A diretora do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) "Henrietta Fore aceitou hoje a demissão do diretor-executivo adjunto Justin Forsyth", indicou um comunicado da organização.

Justin Forsyth trabalhava há dois anos na UNICEF.

"Agradecemos a Forsyth pelo trabalho feito nos últimos dois anos para defender as crianças mais vulneráveis e ajudar a missão da UNICEF de salvar a vida das crianças. Esta missão é agora mais importante do que nunca", referiu a mesma nota informativa da agência da ONU.

A UNICEF assegurou que não tinha conhecimento das acusações de comportamento inapropriado apresentadas contra Justin Forsyth quando este integrou a organização.

Na quarta-feira, a Save the Children pediu desculpas pela conduta "inadequada" de Justin Forsyth, que chegou a ser membro da direção daquela organização não-governamental (ONG), com três colegas mulheres, ao ter enviado mensagens escritas via telemóvel com conteúdos inapropriados.

A par do pedido de desculpas, a Save the Children anunciou uma "revisão" dos procedimentos da organização face a este tipo de situações.

Forsyth foi investigado em duas ocasiões, em 2011 e em 2015, por estar envolvido em incidentes com três colegas mulheres, segundo a ONG.

Nas duas ocasiões, e no decorrer das investigações, Forsyth pediu "desculpas sem reservas" às envolvidas nos incidentes e o assunto foi considerado como encerrado.

O próprio Justin Forsyth admitiu, num comunicado, que tinha "cometido alguns erros pessoais" durante a altura em que integrou a Save The Children e reconheceu que "em algumas ocasiões" manteve "conversações inadequadas" com colegas mulheres, que causaram "ofensa e dor".

Este caso acontece numa altura em que outra organização humanitária internacional (Oxfam) está no centro de um escândalo após a descoberta de graves infrações e abusos sexuais cometidos por certos funcionários em países como Haiti, Chade, Sudão do Sul ou Libéria.

Uma das denúncias indicou que ex-diretores e funcionários da Oxfam encobriram em 2010 orgias e pagaram prostitutas, algumas possivelmente menores de idade, no Haiti, país na altura devastado por um terramoto que matou mais de 100 mil pessoas.

A Oxfam é uma confederação de cerca de 20 organizações humanitárias que emprega 10 mil pessoas em todo o mundo e que conta com várias dezenas de milhares de voluntários.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, decretou uma regra de tolerância zero face a qualquer comportamento sexual inapropriado que seja cometido dentro da organização ou das respetivas agências.

Lusa

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