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Única decisão que espero é que "digam que o juiz Moro errou", diz Lula da Silva

O ex-Presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que a sua absolvição por unanimidade é a única decisão que espera de um julgamento que pode definir seu futuro político.

Ricardo Moraes

"A única decisão que espero que é que eles, por 3 a 0, digam que o juiz Moro errou ao dar a sentença (...) Se isso não acontecer nós temos muito tempo para tentar mostrar que houve o equívoco e para mostrar as mentiras que foram adotadas contra o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Lula", disse, falando no sindicato dos Metalúrgicos, em são Bernardo do Campo, em São Paulo.

Lula da Silva referia-se aos três juízes que analisam o recurso da sentença de nove anos e meio de prisão a que foi condenado em julho de 2017.

O ex-chefe de Estado fez um breve discurso e agora acompanha o julgamento do recurso proposto pelos seus advogados de defesa na sede do sindicado onde iniciou a sua carreira política e também fundou o Partido dos Trabalhadores (PT), acompanhado de centenas de apoiantes.

Adotando um tom de campanha ele reiterou que só quando morrer "vai parar de lutar pelo povo do Brasil".

"Eu tenho muita tranquilidade para enfrentar as adversidades e tenho muita noção dos problemas que estamos vivendo. Quero dizer a vocês que o que está acontecendo comigo é muito pouco diante do que está acontecendo com milhões de desempregados do país", afirmou.

O ex-chefe de Estado do Brasil também voltou a dizer que está a ser julgado porque a elite se incomodou com as conquistas dos trabalhadores do país durante os Governos do PT.

"As conquistas que vocês tiveram ao longo dos últimos anos incomodou a elite brasileira. Este país foi pensando para 35% da população. Este país era pensado assim: 35% da população tem que ter direito a tudo, tem que ter um padrão igual a classe média europeia e os pobres eram apenas estatística. Pobre é [um dado] apenas para constatar em época de eleição", declarou.

Neste processo Lula da Silva foi acusado de ter recebido um apartamento de luxo na cidade litoral de Guarujá como suborno da construtora OAS, que em troca teria sido favorecida em contratos firmados com a Petrobras.

O julgamento que definirá o futuro pessoal de Lula da Silva e poderá influenciar o desenvolvimento do processo político brasileiro antes das eleições presidenciais de outubro, para as quais o ex-Presidente pretende se apresentar como candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), está a decorrer no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4), na cidade de Porto Alegre.

O ex-Presidente brasileiro lidera todas as pesquisas de opinião sobre as eleições até agora, mas uma eventual ratificação da sentença poderia impedi-lo de ser candidato.

Lula da Silva deve discursar novamente hoje numa manifestação a realizar em São Paulo, a maior cidade do Brasil, a partir das 17:00 (19:00 em Lisboa).

Lusa

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