A Charlie Hebdo compara a situação na Catalunha à da Córsega, ilha do Mediterrâno e região administrativa de França, conhecida por ser o berço de Napoleão Bonaparte e pelo anseio de se tornar independente. O jornal ironiza sobre o futuro do "velho continente" europeu, se todas as regiões com uma cultura, língua e identidade próprias, se tornassem estados independentes.
No editorial, intitulado "Idiotice ou morte", é também evidente a posição da publicação sobre a questão catalã, que considera o processo uma farsa que gerou uma espécie de admiração absurda em certos setores da esquerda europeia. O texto do editorial sublinha ainda que por trás de uma palavra tão "sonante" como independência, " escondem-se preocupações por vezes menos nobres".
"A independência da Catalunha não tem como objetivo libertar esta região de uma tirania que já não existe, nem de permitir que a economia prospere, visto que isso não acontece, nem mesmo a questão de falar a língua catalã, autorizada há já muito tempo", refere o Charlie Hebdo.
"A obsessão identitária que se multiplica pela Europa como as moscas sobre a fruta toca a extrema-direita, mas também a esquerda. Porque o nacionalismo de direita e o nacionalismo de esquerda têm um ponto em comum: o nacionalismo", sublinha o editorial.
Nas últimas semanas, a edição online do Charlie Hebdo tem abordado a situação na Catalunha por diversas vezes, com títulos que assumem uma tomada de posição e que não deixam dúvidas sobre a postura do jornal, conhecido pelo caráter irreverente.
"Independência, modo de emprego", foi o título de um dos artigos mais recentes, no qual se critica o "voto de opereta" e a "crise de histeria" que, considera a publicação, tem rodeado todo o processo na Catalunha.