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Festival de Berlim foi palco de protesto político de realizadores brasileiros

O realizador Marcelo Gomes encabeçou, na quinta-feira, um manifesto de cineastas e produtores brasileiros no Festival de Cinema de Berlim contra a "grave crise democrática" que se vive no Brasil.

© Hannibal Hanschke / Reuters

Marcelo Gomes, que está no festival com o filme "Joaquim", aproveitou a conferência de imprensa de quinta-feira para ler um manifesto de apelo internacional contra a situação política no Brasil e pela manutenção do apoio público ao cinema e audiovisual brasileiro.

O manifesto é assinado por 12 realizadores e produtores que tiveram filmes selecionados este ano para o festival de Berlim, embora "Joaquim" seja o único na competição de longas-metragens.

"Em quase um ano sob esse governo ilegítimo (do presidente Michel Temer), direitos da educação, saúde, trabalhistas foram duramente atingidos. Junto com todos os outros setores, o audiovisual brasileiro, especialmente o autoral, corre sério risco de acabar", lê-se no documento.

Marcelo Gomes apresentou "Joaquim", uma recriação histórica sobre a figura de Joaquim Xavier, conhecido no como Tiradentes, considerado por muitos um herói nacional, na primeira tentativa de independência do Brasil, ainda no século XVIII.

Com um orçamento de cerca de 1,2 milhões de euros, o filme é protagonizado por Júlio Machado, no papel de Tiradentes, foi rodado no Brasil e montado em Portugal. O elenco integra os atores portugueses Nuno Lopes, Isabél Zuaa e Welket Bungué.

"Quanto mais leio sobre o período colonial do Brasil, mais eu compreendo o Brasil atual", afirmou o realizador brasileiro, fazendo referência às "fraturas sociais" no país.

O protesto brasileiro acontece menos de um ano depois de o realizador brasileir Kleber Mendonça Filho e a equipa técnica e elenco do filme "Aquarius" ter criticado, no festival de cinema de Cannes (França), o que classificou de "golpe de Estado no Brasil", a propósito da destituição da ex-presidente Dilma Rousseff e da tomada de posse de Michel Temer.

No fim de semana passado, também um grupo de realizadores, produtores e promotores de festivais portugueses lançou uma carta aberta contra uma alteração do Governo à lei do cinema e audiovisual. O protesto contou com a solidariedade de dezenas de figuras do cinema internacional.

O Festival de Cinema de Berlim termina no domingo.

Lusa

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