Mundo

Fillon vai apresentar provas sobre "emprego fictício" da mulher

O candidato da direita às presidenciais em França, François Fillon, vai apresentar à justiça, esta quinta-feira se possível, provas de que a mulher exerceu as funções de assessora parlamentar pelas quais foi remunerada, disse um responsável do partido.

A justiça francesa anunciou na quarta-feira a abertura de um inquérito por uso indevido de fundos públicos, depois de o semanário Le Canard Enchaîné ter noticiado que Fillon, quando era deputado, criou um emprego fictício para a mulher, Penelope Fillon, pelo qual recebeu ao longo de oito anos cerca de 500.000 euros brutos.

Bruno Retailleau, senador e coordenador da campanha de Fillon, disse à rádio Europe 1 que "muito rapidamente" vai ser entregue à justiça "o conjunto de elementos" que provam a legalidade do emprego.

Retailleau precisou que, se possível, ainda hoje à tarde, o advogado do candidato vai entregar os elementos em causa.O senador não deu pormenores sobre que tipo de tarefas desempenhou a mulher de Fillon, afirmando apenas que ela estava na circunscrição pela qual o marido foi eleito, Sarthe (noroeste).

"Esta questão não se vai evaporar", disse Retailleau, acrescentando que a notícia do Canard Enchaîné tem "fins políticos".Ela surgiu, disse, "como por casualidade", "a três meses" apenas das eleições presidenciais, quando os alegados factos remontam a vários anos.

Fillon, primeiro-ministro durante a presidência de Nicolas Sarkozy (2007-2012), é um dos favoritos às presidenciais de abril e maio de 2017 e as sondagens colocam-no como provável adversário da líder da extrema-direita, Marine Le Pen, na segunda volta.

O inquérito, por "uso indevido de fundos públicos", foi desencadeado por uma notícia do jornal satírico Le Canard Enchaîné segundo a qual Penelope Fillon terá "recebido cerca de 500.000 euros brutos" em oito anos na qualidade de assessora parlamentar do marido, apesar de nunca ter exercido essas funções.

Segundo o semanário, que diz ter tido acesso aos recibos de vencimento de Penelope Fillon, o caso passou-se entre 1998 e 2002, quando Fillon foi deputado pela região de Sarthe, de onde é natural.

Penelope Fillon auferiu um salário mensal de 3.900 euros brutos até 2001 e de 4.600 euros brutos no ano seguinte.Quando Fillon foi nomeado ministro em 2002 pelo presidente Jacques Chirac, a mulher passou a ser assessora de Marc Joulaud, que substituiu o marido no parlamento.

Segundo o Canard Enchaîné, Penelope Fillon foi aumentada, passando a auferir entre 6.900 e 7.900 euros brutos por mês.O Canard Enchaîné escreve que, nesse período, Penelope Fillon apresentava-se como doméstica e que não há memória de ter trabalhado na Assembleia Nacional.

Lusa

Últimas