"Não estou ciente de nenhuma recusa específica", afirmou o chefe da diplomacia norte-americana à chegada a uma reunião ministerial da NATO em Bruxelas, quando questionado sobre as declarações de Moscovo.
"Vamos ver", concluiu o ainda secretário de Estado norte-americano, que está em Bruxelas para tentar tranquilizar os aliados sobre a manutenção dos laços transatlânticos após a passagem de testemunho na Casa Branca.
A participação na reunião ministerial da Aliança Atlântica enquadra-se no último périplo de Kerry pela Europa, a seis semanas da tomada de posse de Donald Trump, o vencedor das eleições presidenciais de 08 de novembro.
O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, que tem trabalhado de forma próxima com John Kerry na crise síria, acusou hoje Washington de ter cancelado as conversações sobre Alepo (norte da Síria) previstas para esta semana em Genebra (Suíça) e de ter recusado um diálogo "sério", em particular sobre a retirada dos rebeldes sírios, permitindo-lhes "ganhar tempo".
"Entendemos que é impossível discutir seriamente com os nossos parceiros americanos", lamentou Lavrov, em declarações aos jornalistas.
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo acusou os Estados Unidos de terem cancelado conversações técnicas sobre a Síria entre peritos russos e americanos que estavam previstas, segundo o próprio, para quarta-feira em Genebra.
As duas potências têm mantido negociações a nível técnico naquela cidade suíça há vários meses.
Kerry e Lavrov encontraram-se na passada sexta-feira em Roma e terão acordado então uma reunião bilateral em Genebra para debater um cessar-fogo e um plano de retirada dos rebeldes em Alepo.
A diplomacia americana nunca confirmou esta reunião em Genebra, mas, durante uma deslocação a Berlim na segunda-feira, John Kerry mencionou um novo encontro com o seu homólogo russo na quarta ou quinta-feira em Hamburgo, à margem da reunião anual da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).
Mais de 50.000 sírios fugiram nas últimas semanas de Alepo devido à intensificação dos ataques das forças do regime sírio à zona da cidade controlada pelos rebeldes.
As forças governamentais sírias, apoiadas pelas forças russas, controlam nesta altura cerca de dois terços do leste de Alepo, a parte outrora nas mãos dos rebeldes, e prosseguem a ofensiva para recuperar toda a zona oriental da cidade.
Mais de 300.000 pessoas foram mortas e milhões obrigadas a fugir desde o início da guerra na Síria, há quase seis anos.
Lusa