Em média, dois ou mais corpos sem vida são achados nas ruas todas as semanas, sendo a maioria de jovens desempregados, que procuram refúgio da pressão social em bebidas geralmente de baixo custo e com alto teor alcoólico, e que acabam por morrer intoxicados, disse Elsídia Filipe, porta-voz da Polícia de Manica.
"Casos de corpos humanos sem vida nas ruas por intoxicação alcoólica ocorrem com frequência anormal ao nível da nossa província, com destaque para a cidade de Chimoio, cujo número é relativamente maior", prosseguiu Elsídia Filipe.
Nas perícias aos corpos achados nas ruas, disse, chega-se sempre à conclusão de que as vítimas morreram por intoxicação alcoólica e muitos jovens consumiram álcool sem terem comido.
"Pelo nível de frequência realmente estes casos deixam-nos numa situação de preocupação", disse a porta-voz, acrescentando que a Polícia tem feito trabalho forense com os corpos, mas "por se tratar de intoxicação alcoólica as ocorrências não têm teor criminal".
O caso mais recente ocorreu hoje, quando foi achado o corpo de um homem desempregado de 36 anos numa das ruas do bairro 7 de Abril, em Chimoio, após consumir bebidas de alto teor alcoólico sem ingerir alimentos.
A maioria das vítimas, disse Elsídia Filipe, tem história de alcoolismo.
"São vidas ceifadas pelo álcool, por isso nós fazemos um apelo geral para as famílias, as igrejas e outros intervenientes sociais trabalharem para travar este mal", pediu Elsidia Filipe.
Ainda segundo a porta-voz, na maioria dos casos dos corpos encontrados nas ruas não há documentos de identificação, o que tem dificultado a notificação às famílias.
Os baixos preços das bebidas alcoólicas, sobretudo as portáteis ("boinas vermelhas") com alto teor de álcool, e as de fabrico caseiro, têm aliciado muitos jovens, juntamente com a degradação do custo de vida e o aumento galopante dos preços, referiu.
Moçambique tem desde 2013 um novo regulamento para controlar a venda e o consumo de bebidas alcoólicas, mas são sistematicamente violados os horários de venda em espaços públicos e as restrições para o acesso a menores e a pessoas com perturbações mentais.
Lusa