O México, que se recusava até agora a extraditar El Chapo, iniciou no fim de semana os trâmites para que aquele que era atualmente considerado o maior traficante de droga do mundo, detido na passada sexta-feira, responda perante a justiça norte-americana.
Após a anterior detenção de Guzmán, em fevereiro de 2014, o Presidente mexicano, Enrique Pena Nieto, recusou transferi-lo para os Estados Unidos, prometendo julgá-lo e encarcerá-lo no México.
Mas a sua rocambolesca evasão, em julho deste ano, com recurso a um túnel de cerca de 1,5 quilómetros de extensão entre a sua cela na prisão de alta segurança de Altiplano, perto da capital mexicana, e uma casa fora do perímetro prisional, infligiu um duro golpe à credibilidade do Governo e mudou a situação.
No domingo, representantes da Interpol deslocaram-se à prisão de Altiplano, onde o barão da droga está novamente preso, para entregar "dois mandados de detenção para efeitos de extradição", iniciando formalmente o processo.
"Penso que o processo poderá durar pelo menos um ano", declarou hoje à estação Rádio Formula José Manuel Merino Madrid, diretor das relações internacionais dos serviços da procuradoria, indicando basear-se em anteriores casos de traficantes de droga.
Segundo o responsável, a extradição poderá levar muito mais tempo: "Tivemos processos de extradição que nos levaram entre quatro e seis anos, em função dos recursos apresentados pelos advogados".
"Na hipótese de o ministério dos Negócios Estrangeiros considerar que existem elementos suficientes para dar luz verde à extradição, ele (El Chapo) poderá ainda apresentar um recurso" perante a justiça mexicana, explicou.
Por fim, quando os juízes se tiverem pronunciado sobre a extradição e o ministério dos Negócios Estrangeiros mexicano tiver tomado uma decisão final, Guzmán poderá ainda recorrer.
O advogado de El Chapo comprometeu-se a levar a cabo uma batalha jurídica "dura", que poderá mesmo chegar ao Supremo Tribunal, para se opor à extradição para os Estados Unidos do líder do cartel de Sinaloa, com o argumento de que naquele país ele correrá o risco de ser condenado à pena de morte.
O líder do cartel de Sinaloa é perseguido judicialmente em vários estados norte-americanos: Arizona, Califórnia, Texas, Illinois, Nova Iorque e Florida.
El Chapo foi capturado na sexta-feira em Los Mochis, no estado de Sinaloa, no noroeste do México, seis meses após a sua fuga de Altiplano, a 11 de julho, que humilhou o Presidente Pena Nieto, na altura em visita a França e que o tinha conseguido prender no México.
Esta foi a segunda vez que o narcotraficante escapou de uma prisão de alta segurança mexicana, depois de uma primeira evasão em 2001, num cesto de roupa suja.
Neste momento, as autoridades mexicanas estão também a tentar interrogar o ator norte-americano Sean Penn e a atriz mexicana Kate del Castillo, sobre o seu encontro secreto em outubro passado com o fugitivo, para uma entrevista publicada no sábado pela revista norte-americana Rolling Stone.
Lusa