"Há possibilidade de haver outros incidentes (...) ainda hoje, portanto estamos em máximo alerta", disse a portuguesa, contactada telefonicamente em Bamako, onde se encontra há seis meses.
Carla Lopes Duarte indicou que a representação da ONU foi aconselhada pelos serviços de segurança malianos a ter "muito cuidado neste momento porque há vários pontos de ameaça".
"Não sabemos quem fez as ameaças", adiantou.
Homens armados fizeram hoje 170 reféns - 140 hóspedes e 30 funcionários - no hotel de luxo Radisson Blu em Bamako, matando pelo menos três pessoas.
Carla Lopes Duarte, que se encontra na sede da Missão das Nações Unidas de Estabilização Multidimensional Integrada no Mali (MINUSMA), disse não ter "números precisos" das forças que se deslocaram para a zona do hotel.
"Temos lá imensos efetivos, não sei o número preciso", referiu, adiantando que "alguns portugueses (que trabalham com a ONU) estão lá, na área de segurança e apoio".
A portuguesa tem informações de que "foram mortos alguns funcionários do hotel" e que entre os reféns se encontrarão consultores da ONU.
"Em princípio há três colegas nossos que estão lá dentro, pode haver mais", disse ainda.
Contactada também telefonicamente pela Lusa, a empresária Glória Silva, que vive em Bamako há cinco anos, teve informações do que se estava a passar no Radisson Blu através de conhecidos que vivem próximos do local e de uma fonte da ONU.
Glória Silva disse ter ligado para a cooperação espanhola e ter sido aconselhada a ficar em casa. As autoridades malianas não deram quaisquer instruções.
A empresária portuguesa de 52 anos, que trabalha com produtos para agricultores, confessa que já receava pela sua segurança antes do ataque de hoje.
"A minha vida mudou muito desde o ataque ao Terrasse", disse, referindo-se ao ataque ao restaurante-bar La Terrasse, em Bamako, no início de março, no qual foram mortas cinco pessoas.
O ataque de hoje faz lembrar o de 7 de agosto contra um hotel em Sévaré (centro do Mali), onde foram feitos reféns e que causou 13 mortos.
Em março-abril de 2012, o norte do Mali ficou sob controlo de grupos 'jihadistas' ligados à Al-Qaida, que foram perseguidos e dispersos a partir de janeiro de 2013 quando foi lançada, por iniciativa da França, uma intervenção militar internacional que continua no terreno.
Mas vastas zonas escapam ao controlo das forças malianas e estrangeiras. Durante bastante tempo concentrados no norte, os ataques 'jihadistas' alargaram-se desde o início do ano para o centro e depois de junho para o sul do Mali.
Lusa