"Num Estado de direito não existe o mínimo lugar (...) para a impunidade", considerou hoje Peña Nieto, numa mensagem transmitida em direto pela televisão, a partir do palácio presidencial.
Iñaky Blanco, procurador do Estado de Guerrero, tinha anunciado na véspera que dois presumíveis membros de um cartel criminoso, com ligações à polícia local, tinham confessado ter morto 17 dos estudantes desaparecidos.
O mesmo responsável indicou ainda que foram descobertos 28 corpos perto da cidade de Iguala, no Estado de Guerrero, sul do México.
Estes acontecimentos "são revoltantes, dolorosos e inaceitáveis", acrescentou Peña Nieto, que assegurou a "plena colaboração" para resolver este caso.
"Lamento, em particular, a violência utilizada e sobretudo o facto de se tratarem de jovens estudantes", acrescentou.
Caso se confirme que os corpos encontrados são os dos estudantes desaparecidos, este será um dos piores massacres no México desde a "guerra ao narcotráfico" desencadeada em 2006 pelo anterior Presidente, Felipe Calderón, com um balanço de quase 100.000 mortos.
No entanto, os familiares continuam a acreditar que os estudantes estão vivos e consideraram que a participação do governo federal na investigação "não é um favor, mas uma obrigação, para que os filhos nos sejam entregues vivos o mais depressa possível", como referiu a mãe de um dos desaparecidos, citada pela agência noticiosa AFP.
Os estudantes de Ayotzinapa, uma escola com tradições de contestação, deslocaram-se com dezenas de colegas no dia 26 de setembro a Iguala (100 quilómetros de distância) para recolher fundos e manifestarem-se.
Quando regressaram à sua cidade, em três autocarros, polícias municipais e homens armados não identificados dispararam sobre os veículos, provocando três mortos, enquanto durante a noite foram abatidas mais três pessoas, aparentemente jogadores de futebol de uma equipa local que se deslocavam num transporte coletivo.
De seguida, e segundo diversas testemunhas, dezenas de estudantes foram encaminhados para viaturas da polícia, que os transportaram para destino desconhecido.
Lusa