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Apresentado recurso contra decisão de manter irmã do rei arguida

O procurador anticorrupção espanhol apresentou hoje nos tribunais de Palma de Maiorca um recurso contra a decisão do juiz José Castro manter a infanta Cristina de Bourbon, irmã do rei espanhol, como arguida por delitos fiscais e branqueamento de capitais. 

Cristina de Bourbon e o marido, Iaki Urdangarin (Reuters/ Arquivo)
© Albert Gea / Reuters

Pedro Horrach apresentou o recurso 24 horas depois do magistrado ter  concluído a fase de instrução do processo que investiga, entre outros, o  marido de Cristina, Iaki Urdangarin. 

Horrach recorreu ainda a inclusão entre os arguidos da mulher de Diego  Torres, ex-sócio de Iaki Urdangarin e outro dos principais suspeitos neste  mega processo. 

No seu recurso Horrach considera que o juiz instrutor baseia a decisão  de manter a infanta Cristina como arguida em "meras conjeturas" e que sofre  de "contaminação judicial pela influência dos órgãos de comunicação social".

Para o fiscal o juiz Castro atuou "imbuído de ondas prévias de imputs  mediáticos interessados" evidenciando-se contradições e omissões nas resoluções  adotadas pelo juiz durante o processo de instrução. 

O procurador anticorrupção já tinha confirmado na quarta-feira aos jornalistas  que tencionava recorrer da decisão do juiz por considerar que "continua  a não haver qualquer elemento contra" a infanta. 

Horrach considerou que esta é a única discrepância que tem tido com  o juiz Castro neste processo em que há ainda 13 outros arguidos, e cuja  investigação se alargou às administrações regionais nas Baleares, Valência  e Madrid. 

O auto de 167 páginas dado a conhecer pelo juiz na quarta-feira marca  o final da fase de instrução do caso conhecido com Nóos, um dos que mais  danificou a imagem da família real e da monarquia espanholas. 

No texto, o juiz Castro dá ao Ministério Público e às acusações particulares  que solicitem a abertura do julgamento, formulando por escrito a sua acusação  num prazo de 20 dias. 

Em concreto, a infanta Cristina está acusada com o marido por dois delitos  de fraude fiscal e por um delito de branqueamento de capitais. 

A instrução do processo - que investigou o alegado desvio de fundos  públicos pelo instituto Nóos, presidido por Urdangarin entre 2003 e 2006  - demorou 1.436 dias e resultou num processo de mais de 58 mil páginas e  62 volumes. 

Foi aberto em fevereiro de 2006 depois do PSOE nas Ilhas Baleares ter  questionado no parlamento regional o pagamento de 1,2 milhões de euros ao  Instituto Nóos pelo Governo regional para a realização de um encontro sobre  turismo. 

Investigações posteriores levaram à análise de outros acordos com o  Nóos, tendo o processo acelerado em 2011 depois das primeiras rusgas e da  primeira audição ao sócio de Urdangarin, Diego Torres. 

O cunhado do rei espanhol foi constituído arguido em dezembro de 2011  e a sua mulher, a infanta Cristina, a 7 de janeiro, tendo prestado declarações  ao juiz instrutor durante seis horas no passado dia 8 de fevereiro. 

Nessa audição histórica - pela primeira vez, um membro de uma casa real  europeia respondeu perante a justiça por um caso de corrupção - Cristina  negou envolvimento no caso Nóos e desconhecimento sobre muitas das perguntas  colocadas. 

A infanta Cristina foi a única ausente das recentes cerimónias de abdicação  do seu pai, Juan Carlos, e de proclamação do seu irmão, Felipe VI. 

Esta semana foi visitada pela rainha Sofia na sua casa em Genebra (Suíça).

Lusa

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