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Cartazes a favor do referendo, gritos contra a monarquia no debate parlamentar em Espanha

Cartazes em defesa de um referendo sobre o modelo de Estado em Espanha e gritos contra a monarquia deram hoje cor no Congresso de Deputados à oposição minoritária contra a norma que formaliza a abdicação de Juan Carlos.

Os onze deputados do grupo parlamentar da Esquerda Plural levantaram-se  - quando Cayo Lara, o líder da bancada falava - e empunharam cartazes com  a frase "referendo já". 

Jesus Posada, presidente do Congresso, pediu ordem e siêncio, perante  a forte contestação da banca do PP, partido que com o apoio do PSOE, da  UPyD e do UPN vão aprovar hoje, com ampla maioria a norma que formaliza  a abdicação do monarca. 

Os deputados da Esquerda Plural tinham-se apresentado na sessão plenária  com um símbolo, na lapela, com as três cores da bandeira republicana, ecoando  a defesa de um referendo que posteriormente defenderam no debate. 

Mais vocal foi o protesto do porta-voz da força nacionalista basca Amaiur  Sabino Cuadra que, no final da sua intervenção e com uma bandeira basca  nas mãos gritou, em basco: "Monarquia fora, viva Euskal Herria livre e republicana".

"Agora. Viva", ouviu-se na bancada, perante novos protestos das forças  maioritárias. 

Todas as forças nacionalistas vão abster-se na votação de hoje com o  líder da catalã CiU, Josep Antoni Duran y Lleida a justificar a decisão  do seu partido como resposta ao comportamento das forças maioritárias, que  acusou de excluírem, há muito, a Catalunha da história de Espanha. 

Cayo Lara, por seu lado, criticou a forma como a abdicação está a ser  gerida, afirmando que se está a apresentar como regeneração o que é "sangue  novo para uma dinastia decrépita". 

Olaia Fernández Dávila, porta-voz dos nacionalistas galegos do BNG,  também criticou as forças maioritárias, que disse perdem neste processo  a "oportunidade histórica" de avançar com um referendo, tendo optado em  vez disso por "perpetuar" um regime herdado do franquismo. 

Já Alfred Bosch, porta-voz da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC),  que vai votar contra, considerou que "os povos não se herdam" porque "não  são um móvel que passa de pais a filhos".

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