Abu Ghaith, um imã de 48 anos de origem koweitiana, é o mais alto responsável da Al-Qaeda a ser julgado por um tribunal norte-americano. Arrisca a prisão perpétua mas a pena só será posteriormente divulgada.
O júri do tribunal federal de Manhattan, composto por 12 elementos, considerou Suleiman Abu Ghaith culpado das acusações de conspiração para matar cidadãos norte-americanos e para o fornecimento de apoio material a terroristas. O júri também considerou que o réu efetivou o seu apoio a ações terroristas.
"Um júri determinou por unanimidade que Suleiman Abu Ghaith não só conspirou para oferecer apoio material à Al-Qaeda, um apoio que deu, mas também conspirou para matar norte-americanos", referiu um comunicado do procurador do distrito sul de Nova Iorque, Preet Bharara.
Suleiman Abu Ghaith "foi mais do que o ministro da propaganda de Bin Laden", acrescentou o procurador nova-iorquino.
O julgamento, que começou na primeira semana de março, teve um dos momentos mais marcantes na semana passada, quando o próprio Suleiman Abu Ghaith foi chamado para dar o seu testemunho.
Nessa declaração, realizada na passada quarta-feira, o genro de Bin Laden reconheceu que foi convocado na noite dos atentados do 11 de setembro de 2001 para uma reunião numa zona montanhosa do Afeganistão. O réu relatou que o sogro perguntou-lhe então qual era a sua opinião sobre os ataques.
O arguido relatou que respondeu na altura que, se os Estados Unidos provassem que os atentados tinham sido planeados pela Al-Qaeda "não iriam parar" até conseguir duas coisas: "matar Bin Laden e derrubar o regime talibã" no Afeganistão.
O acusado admitiu que nas semanas seguintes participou na gravação de vários vídeos, tanto com Bin Laden como com o seu "número dois", o egípcio Ayman al-Zawahiri, considerado o atual líder da Al-Qaeda.
Num desses vídeos, Suleiman Abu Ghaith avisou que uma "tempestade de aviões" cairia sobre os Estados Unidos, assegurando, durante o depoimento, que a sua participação nesses vídeos teve por base elementos fornecidos pelo sogro.
Suleiman Abu Ghaith assegurou ainda que nunca se tornou um membro da rede terrorista, embora tenha reconhecido que, como imã (líder religioso), pronunciou sermões de carácter religioso para combatentes islâmicos que estavam em formação em campos de treino no Afeganistão.
O réu foi extraditado em 2013 depois de ter sido detido num voo entre a Turquia e a Jordânia.
Com agências