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Impasse nas negociações de paz na Síria

Após dois dias de reuniões em Genebra, as  negociações sobre o conflito sírio entre a oposição e o governo sírio entraram  hoje num impasse, com um ministro em Damasco a admitir que o processo poderá  estar "condenado ao fracasso". 

© George Ourfalian / Reuters

O mediador da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Lakhdar Brahimi, reconheceu  que esta nova ronda de negociações é "trabalhosa" como a primeira ronda,  realizada em janeiro último e que reuniu, pela primeira vez em três anos  de conflito, as várias fações do conflito civil sírio. "O início desta semana foi igualmente trabalhoso. Não estamos a fazer  grandes progressos", disse o diplomata, em declarações aos jornalistas.

Brahimi assegurou ter "toneladas de paciência", mas sublinhou que "o  povo sírio não tem essa paciência e precisamos de acelerar".  A partir de Damasco, o ministro sírio da Reconciliação Nacional, Ali  Haidar, afirmou que as negociações a decorrer em Genebra (Suíça) estão "condenadas  ao fracasso perante o atual estado das coisas". 

O ministro disse à agência francesa AFP que o governo sírio decidiu  participar na conferência em Genebra nomeadamente "para romper com um bloqueio  político e mediático que dura desde há três anos". Para Ali Haidar, a oposição está a participar no encontro com o objetivo  de "ganhar legitimidade". 

As duas delegações sentaram-se hoje à mesa das negociações com o mediador  internacional, mas nenhuma das fações cedeu nas suas prioridades: a luta  contra o terrorismo para o governo de Damasco, enquanto a oposição quer  avançar para uma autoridade governamental de transição, medida que é igualmente  exigida pelas grandes potências internacionais. "Hoje, foi novamente um dia perdido porque os representantes da coligação (da oposição síria) insistem sobre o facto que não existe terrorismo na  Síria e não querem discutir", afirmou o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros  sírio Faysal Mokdad.   

"Claramente, não existiu hoje qualquer progresso, mesmo sobre a agenda,  o regime opôs-se a (Lakhdar) Brahimi, não deixaram que ele propusesse uma  agenda aceitável para as duas partes", disse, por seu lado, o porta-voz  da delegação da oposição síria Louay Safi. "Não posso impor uma agenda a pessoas que não querem. Não posso apontar  uma pistola às suas cabeças", declarou Brahimi, admitindo assim a sua atual  falta de poder de influência. 

As negociações em Genebra vão prosseguir até sexta-feira e o mediador  internacional irá, na próxima semana, a Nova Iorque para ser ouvido pelo  secretário-geral da ONU e pelo Conselho de Segurança. 

O conflito na Síria prolonga-se desde março de 2011 e, segundo o Observatório  Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), já fez 136 mil mortos. 

 

     

 

Lusa

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