A razão da exclusão foi a recusa iraniana de apoiar a constituição de um governo de transição que viabilizasse o fim da guerra no país. A retirada do convite, que já tinha sido uma surpresa, ocorreu menos de 24 horas depois de ter sido feito, com ideia de salvar as conversações, que começam quarta-feira na cidade suíça de Montreux.
A formulação do convite tinha suscitado pedidos para a sua retirada, feitos designadamente pela oposição síria e pelos EUA. O Irão é um dos principais apoiantes do Presidente sírio Bachar al-Assad, que reafirmou que não tenciona demitir-se, em entrevista à AFP, divulgada no domingo.
A Declaração de Genebra apelou a um governo de transição que conduzisse o país para fora da guerra de três anos que, pelas contas da ONU, já causou mais de 100 mil mortos. O líder da ONU disse que o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Javad Zarif, lhe assegurou repetidamente que "compreendia e apoiava" o objetivo da conferência de paz de estabelecer um governo provisório. "O secretário-geral está profundamente desapontado pelas declarações públicas iranianas de hoje, que não são de todo consistentes com o compromisso formulado" por Zarif, afirmou o porta-voz da ONU, Martin Nesirky.
Ban "continua a apelar ao Irão para que se junte ao consenso subjacente à Declaração de Genebra", acrescentou o seu porta-voz. "Uma vez que (o Irão) escolheu ficar fora deste entendimento básico, ele (Ban Ki-moon) decidiu que a reunião, de um dia, em Montreux vai fazer-se sem a participação do Irão", avançou Nesirky.
Dirigentes da ONU revelaram que Zarif tinha aparentemente prometido a Ban Ki-moon uma declaração em que aceitava o compromisso de Genebra. Mas o embaixador iraniano na ONU, Mohammad Khazaee, reafirmou a rejeição pelo seu governo das condições para a participação na cimeira. "O Irão sem apoiou a procura de uma solução política para esta crise", afirmou Khazaee, em comunicado. Mas, acrescentou, "se a participação do Irão está condicionada pela aceitação da Declaração de Genebra, então o Irão não participa".
Ban Ki-moon teve contactos com os ministros dos Negócios Estrangeiros dos EUA e da Federação Russa antes de excluir o Irão.
Lusa