Mundo

Estudo da revista Science conclui que o cão descende do lobo domesticado na Europa há cerca de 20 mil anos

O cão descende do lobo domesticado na Europa  há cerca de 20 mil anos, conclui um estudo hoje divulgado na revista Science,  que afasta a teoria de que os primeiros cães apareceram no Médio Oriente  ou na Ásia. 

© Nathaniel Wilder / Reuters

"A origem dos cães modernos está no continente europeu, não no Médio  Oriente ou no leste asiático, e ela remonta a cerca de 20 mil anos", sustentou  um dos autores do estudo, Robert Wayne, professor de biologia evolutiva  na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. 

O investigador adiantou que os antigos lobos, na Europa, "tinham uma  ligação de parentesco com os cães, o que permite fazer corresponder a evolução  genética destes animais com a história arqueológica". 

Robert Wayne assinalou, citado pela agência AFP, que "a Europa é o local  onde foram encontrados, até à data, os vestígios de cães mais antigos".

Segundo o estudo, nenhum vestígio canino com mais de 13 mil anos foi  descoberto no Médio Oriente ou na Ásia.  

 Os cientistas analisaram o ADN mitocondrial (informação genética transmitida  pelas fêmeas) detetado nas ossadas de dez lobos e oito cães antigos, a maior  parte originários da Europa. Todos os animais viveram há vários milhares  de anos, sendo que dois, há mais de 30 mil anos. 

Posteriormente, os investigadores compararam os antigos ADN com o dos  genomas (conjunto de genes) de 77 cães domésticos, 49 lobos e quatro coiotes  modernos, e determinaram que os cães de agora apresentavam semelhanças genéticas  com os lobos antigos ou com os cães oriundos da Europa, mas não com nenhum  dos lobos contemporâneos. 

No final, a equipa concluiu que os cães descendiam de antigos lobos  da Europa, que hoje estão extintos. 

Robert Wayne, um dos membros da equipa, adiantou que a domesticação  do lobo, o maior carnívoro alguma vez domesticado pelo Homem, provavelmente  ocorreu nos grupos de caçadores-recoletores, e não no seio das comunidades  sedentárias que se desenvolveram com o progresso da agricultura, há cerca  de dez mil anos. 

Os lobos passaram a seguir os grupos de caçadores e a alimentar-se das  "carcaças" de animais. Com o tempo, aproximaram-se dos humanos para "acabar  por evoluir em conjunto com estes", dando origem aos cães, sustenta o estudo.

A investigação publicada na Science não vai terminar com a controvérsia  científica sobre a origem dos cães, de acordo com os seus autores. 

"Não é o fim do debate sobre a domesticação do cão, mas temos, doravante,  um argumento persuasivo a opor às outras hipóteses sobre a origem da raça  canina", advogou, contudo, Robert Wayne. 

A equipa pretende detalhar as conclusões a que chegou com uma análise  mais completa de ADN, neste caso do núcleo das células, uma tarefa, porém,  difícil, uma vez que o ADN nuclear tende a degradar-se com o tempo. 

Lusa

 

     

Últimas