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Snowden aceita condições políticas do Kremlin para asilo político na Rússia, anuncia ONG

Eduard Snowden, antigo consultor dos serviços  secretos norte-americanos, prometeu não prejudicar os interesses dos Estados  Unidos, uma das condições impostas pelo Kremlin para lhe conceder asilo  político. 

Snowden no aeroporto de Moscovo em julho com representantes da Human Right Watch (EPA/ Arquivo)
TANYA LOKSHINA / HUMAN RIGHTS WATCH HANDOUT

"Eu não irei realizar, nem planeio realizar ações que prejudiquem os  Estados Unidos. Desejo o bem aos Estados Unidos", terá declarado, citado  por Marina Lokchina, vice-presidente da organização não governamental Human  Right Watch, uma das que hoje se reuniu com Snowden no aeroporto de Moscovo.

O ex-consultor é acusado pelos Estados Unidos de violar a lei de espionagem  norte-americana depois de filtrar pormenores dos programas secretos de vigilância  de registos telefónicos e comunicações na Internet a partir de agências  do Governo. 

Edward Snowden é procurado pelos Estados Unidos por violar a lei de  espionagem norte-americana depois de filtrar pormenores dos programas secretos  de vigilância de registos telefónicos e comunicações na Internet a partir  de agências do Governo. 

"Snowden considera que não poderá voar da Rússia para a América Latina",  declarou aos numerosos jornalistas concentrados no aeroporto Sheremetievo  uma defensora dos direitos do homem que participou no encontro. 

A ativista chamou a atenção para o incidente do Presidente da Bolívia,  Evo Morales, que foi obrigado a fazer uma viagem longa e atribulada pelos  céus da Europa para chegar ao seu país depois de ver negada autorização  de sobrevoo e aterragem por vários países, incluindo Portugal, por suspeitas  de que Snowden ia a bordo. 

O porta-voz do Presidente Putin, Dmitri Peskov, anunciou que o Kremlin  não tem ainda confirmação de que Snowden tenha pedido refúgio político.

"O Kremlin parte da necessidade da confirmação do pedido de Snowden  de asilo político e da sua renúncia a atividades que prejudiquem os Estados  Unidos", precisou. 

No entanto, o anúncio do pedido de asilo político por Snowden não foi  recebido unanimemente em Moscovo. 

Mikhail Fedotov, chefe do Conselho para os Direitos do Homem junto do  Presidente da Rússia, defende que o Kremlin não deve conceder asilo político  a Snowden. 

"Não deve porque Snowden não gostou das condições. Não lhe fica bem  primeiro pedir asilo político, depois desistir e voltar a pedir. Claro que  devemos ajudá-lo a receber asilo político, mas não obrigatoriamente no nosso  país", precisou. 

"Se se provar que ele se move por ideais, as suas hipóteses são muito  grandes", considerou Guenri Rezni, um dos advogados que se encontrou com  Snowden, acrescentando que "Snowden é idealista e não devia ser funcionário  dos serviços secretos". 

O Serviço de Imigração e o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia  afirmam ainda não ter recebido o pedido de asilo. 

 

Lusa

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