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Igreja Católica recomenda ao Governo que oiça "o clamor que vem das ruas" 

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil  (CNBB) manifestou hoje o seu apoio às "manifestações pacíficas" nas cidades  brasileiras, recomendando ao Governo que oiça o "clamor que vem das ruas".

© STRINGER Brazil / Reuters

No texto, emitido logo após reunião com a presidente Dilma Rousseff,  os bispos consideram que os protestos mostram o "despertar para uma nova  consciência" e requerem atenção e "discernimento" para identificação de  seus "valores e limites". 

"Nascidas de maneira livre e espontânea, a partir das redes sociais,  as mobilizações questionam a todos nós e atestam que não é possível mais  viver num país com tanta desigualdade", diz a nota. 

Os bispos brasileiros defendem ainda que o direito democrático às manifestações  deve ser garantido pelo Estado e manifestam o desejo de ver paz e ordem  nos próximos protestos. 

"Nada justifica a violência, a destruição do património público e privado,  o desrespeito e a agressão a pessoas e instituições, o cerceamento à liberdade  de ir e vir", acrescenta o texto assinado pelos bispos brasileiros, esperando  "que o clamor do povo seja ouvido". 

A carta aberta é assinada pelo presidente da CNBB, cardeal Raymundo  Damasceno, de Aparecida (São Paulo), que hoje esteve reunido com a presidente  Dilma Rousseff, em Brasília. 

A agenda da reunião não foi divulgada oficialmente, mas o ministro da  Secretária-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, admitiu hoje pela manhã  que a presidente brasileira está preocupada com o efeito que as manifestações  podem ter na visita do papa Francisco, prevista para o final de julho no  âmbito da Jornadas Mundiais da Juventude. 

Os protestos começaram no início de junho em São Paulo, exclusivamente  contra a subida das tarifas dos transportes públicos, mas estenderam-se  a outras cidades no Brasil e de outros países. 

A repressão policial às manifestações motivou outras pessoas a protestarem  pela paz e pelo direito de manifestação, bem como outras queixas, entre  quais corrupção e a falta de transparência.  

Em particular, as manifestações criticam os elevados gastos com a organização  de eventos desportivos como o Mundial2014 e os Jogos Olímpicos de 2016,  em detrimento de outras áreas como a saúde e a educação. 

Lusa 

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