A decisão destina-se a tentar reduzir ao mínimo o aproveitamento comercial associado à "bíblia" do nazismo, depois de levantada a interdição do seu aparecimento na Alemanha que está associada ao fim da posse dos direitos de autor pelo estado do sudeste da Alemanha.
Uma mesa redonda sobre o tema, com vários responsáveis políticos e cientistas, realizada hoje em Munique decidiu publicar a edição comentada, anunciou o ministro das finanças do Estado Livre da Baviera, Markus Soeder.
"O objetivo é desmistificar o 'Mein Kampf' e elucidar os alunos sobre o carácter da obra, porque a abolição dos direitos de autor pode levar a uma propagação mais ampla da mesma junto dos jovens", explicou o político democrata-cristão.
Além da edição comentada, já em elaboração pelo Instituto de História Contemporânea de Munique, haverá também uma edição para as escolas, a cargo da mesma instituição.
"Queremos tornar claro, com ambas as edições, o grande disparate que é o 'Mein Kampf', mas um disparate com consequências funestas", acrescentou Soeder, aludindo ao genocídio de seis milhões de judeus - os alvos da ira de Hitler no seu livro -, pelo regime nazi, durante a II Guerra Mundial (1939-1945).
Em perspetiva estão ainda uma edição em Inglês, uma edição eletrónica (E-Book), e uma edição falada.
O diretor da Fundação Memorial da Baviera, Karl Freller, foi já encarregado de contactar livrarias e editoras, para as convencer a renunciar a publicar o "Mein Kampf" sem explicações adicionais, a partir de 2015.
Recentemente, o Tribunal Regional de Munique proibiu o editor britânico Peter McGee de publicar extratos comentados do "Mein Kampf" no seu semanário em Alemão "Zeitungszeugen", dando provimento a uma providência cautelar interposta pelo Estado Livre da Baviera, como proprietário dos direitos de autor.
A primeira edição do "Mein Kampf" surgiu em 1925, e até 1945 foram vendidos na Alemanha 9,8 milhões de exemplares da obra em que Hitler dá largas ao seu ódio contra os judeus, sobretudo porque, após a sua tomada do poder, em 1933, o regime nazi oferecia um exemplar a cada casal que contraísse matrimónio nos registos civis.
A nível internacional, o "Mein Kampf" está traduzido em 16 línguas, e foi publicado várias vezes no estrangeiro, desde 1945.
Lusa