O comunicado, difundido através do jornal basco Gara, surge dois dias depois de um apelo nesse sentido dos participantes numa conferência internacional sobre o fim da violência no País Basco.
Uma hora depois desse anuncio, o presidente do Governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, fez uma declaração no Palácio da Moncloa, sede do Governo onde considerou que apesar da "contenção a que a história obriga", a Espanha pode viver hoje "a satisfação pela vitória da democracia, da lei e da razão".
Uma satisfação "com a memória inesquecível da dor causada por uma violência que nunca deveria ter ocorrido e que não volvera nunca", afirmou.
O anúncio da ETA ocorre exatamente um mês antes das eleições gerais espanholas, voltando a centrar assim o tema do terrorismo na agenda eleitoral espanhola.
O comunicado foi já criticado por ignorar as vítimas do terrorismo e, para várias forças políticas, ficou aquém do esperado, já que a ETA deveria anunciar a sua dissolução imediata e entregar as armas.
Essa foi uma das posturas de Mariano Rajoy, líder do Partido Popular (PP), que numa declaração na sede do partido, afirmou que a cidadania só ficará tranquila quando ocorrer a "dissolução e completo desmantelamento" da ETA.
"Acolhemos com satisfação a decisão da ETA renunciar definitivamente à violência. É uma boa notícia que tenhamos conseguido que a ETA renuncie a impor o seu projeto político pela morte, medo, violência e execução", disse.
"Depois de ter causado tanto sofrimento e dor a tantas pessoas inocentes, são boas noticias que a ETA diga que não voltará a atentar contra a vida e contra o direito das pessoas. É um passo importante, mas a tranquilidade só estará completa quando ocorrer a dissolução e o completo desmantelamento da ETA", afirmou.
No seu comunicado, a ETA "faz um apelo aos governos de Espanha e França para abrir um processo de diálogo direto que tenha por objetivo a resolução das consequências do conflito e, assim, a superar a confrontação armada. A ETA com esta declaração histórica mostra o seu compromisso claro, firme e definitivo".
A organização sublinha que se está "perante uma oportunidade histórica para dar uma solução justa e democrática ao secular conflito político. Contra a violência e a repressão, o diálogo e o acordo devem caracterizar o novo ciclo".
O anúncio surge 51 anos depois da primeira vítima mortal da ETA, a menina Begoa Urroz, vítima de um atentado à bomba em San Sebastián a 27 de junho de 1960.
Desde então, a ETA foi responsável por outras 857 mortes, a última das quais a do polícia francês Jean-Serge Nerin, morto num tiroteio com membros da ETA a 16 de março de 2010.
Além de civis, a ETA foi responsável pela morte de militares, policias, políticos, juízes e procuradores.
Um dos seus atentados com maior repercussão foi a 20 de dezembro de 1973 no centro de Madrid, quando assassinou o presidente do governo e mão direita de Francisco Franco, o almirante Luis Carrero Blanco.
O atentado mais sangrento das ações de ETA foi o de Hipercor, em Barcelona, em 1987, e nele perderam a vida 21 pessoas.
Lusa