Violência em Moçambique

Daniel Chapo toma posse em clima de ebulição: "O povo votou em quem? No Venâncio Mondlane"

A cerimónia decorreu sob fortes medidas de segurança e depois de meses de confrontos que terão feito 300 mortos e mais de seiscentos feridos. A polícia tentou dispersar a tiro manifestantes que gritavam por Venâncio Mondlane. O candidato derrotado não reconhece os resultados e reafirma que houve fraude eleitoral.

Joana Costa de Sousa

Catarina Neves

Rafael Homem

Os protestos no centro de Maputo começaram pouco antes do arranque da cerimónia de investidura de Daniel Chapo. Para conter e dispersar a multidão, a polícia efetuou vários disparos. 

“Eles usam a polícia. Em vez de proteger estão a matar. Milhares de Moçambicanos já morreram”, diz uma dos manifestantes. 

Manifestantes pró-Mondlane incendiaram pneus, lançaram pedras e garrafas contra as autoridades e gritaram palavras de ordem.

“Nós vamos continuar a marchar até à reposição da verdade eleitoral. Nós sabemos em quem votámos. O povo votou em quem? no Venâncio Mondlane. Todos nós votámos no Venâncio Mondlane por isso queremos que  ele seja o nosso presidente”, explica outro manifestante, 

O forte aparato de segurança impediu a passagem dos manifestantes para a Praça da Independência onde decorria a tomada de posse de Daniel Chapo. Aos 48 anos é o 5º presidente de Moçambique e o primeiro nascido já depois da independência que promete uma nova era para o país. 

 “Hoje iniciámos juntos uma nova era para Moçambique. Este não é apenas o início de um mandato, mas de uma jornada que nos  desafia a construir um futuro que sonhámos”, diz Daniel Chapo.

Daniel Chapo, da Frelimo, sucede a Filipe Nyusi, que esteve 10 anos no poder, depois de meses de tensão e confrontos violentos que fizeram 300 mortos e mais de 600 feridos desde que foram anunciados os resultados das eleições, com a oposição a reclamar a vitória de Mondlane e a falar de fraude eleitoral. 

Daniel Chapo reconhece os desafios, mas garante que está empenhado no diálogo. 

“O nosso diálogo com as forças políticas será sempre franco, honesto e sincero. A estabilidade social e política é a nossa prioridade das prioridades”, acrescentou o Presidente de Moçambique. 

Cerca de dois mil e 500 convidados estiveram na tomada de posse de Daniel Chapo, marcada por uma fraca representação diplomática: apenas dois chefes de Estado assistiram, os Presidentes da África do Sul e da Guiné-Bissau, alguns vice -presidentes e ministros. 

O Governo português fez-se representar por Paulo Rangel. O ministro dos Negócios Estrangeiros foi acusado por Venâncio Mondlane de parcialidade e de manipular a opinião pública ao dizer que tem acompanhado o processo pós-eleitoral.  

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