TAP: o futuro e as polémicas

Privatização da TAP: Marcelo promete aprovar diploma e considera 'hub' estratégico

Fora do país, Marcelo Rebelo de Sousa admite que o valor estratégico da empresa, como o hub, é muito mais importante do que o valor da venda e promete aprovar o diploma.

João Tomás

De visita a São Tomé e Príncipe, para celebrar os 50 anos da independência, o Presidente da República fala pela primeira vez desde que o Governo anunciou a privatização da TAP. Diz que foi previamente informado pelo primeiro-ministro e que Luís Montenegro lhe apresentou o plano ainda antes de o submeter a Conselho de Ministros. Marcelo promete promulgar o diploma.

"Primeiro, salvaguarda a posição dos trabalhadores e, segundo, salvaguarda a prevalência de Portugal e do Estado português, porque é minoritária a parte estrangeira, seja de um ou dois ou três candidatos, os que forem", disse o Presidente da República aos jornalistas.

À semelhança do Governo, Marcelo Rebelo de Sousa também não quer partilhar possíveis valores para a TAP. Segue a mesma estratégia do executivo: manter em segredo a avaliação da empresa, até porque, segundo o Presidente, a TAP vale mais do que um mero valor contabilístico.

O hub estratégico da transportadora aérea portuguesa tem dado muito que falar e é considerado o principal requisito para a venda.

Privatizações pelo mundo

A história das privatizações na Europa difere de país para país. No caso da Alemanha, a Lufthansa seguiu um modelo de privatização faseado, mas antes foi alvo de uma profunda reestruturação. O Estado alemão apenas voltou a interferir na companhia em 2020, na sequência da pandemia. Salvou-a da falência a troco de uma participação de 20%, que entretanto já foi vendida, e sempre se afastou da gestão da empresa a longo prazo.

A Air France, por outro lado, manteve o Estado francês como acionista minoritário. Isso serviu para exercer influência em momentos importantes, como na fusão com a KLM, ou no acesso aos cofres públicos de França, como aconteceu na pandemia.

As duas companhias aéreas já devolveram aos respetivos Estados todo o dinheiro que receberam nos anos trágicos da covid-19 e são duas das interessadas na TAP.

A Alitalia acabou mesmo por ruir depois da pandemia. Já havia sido resgatada pelo Estado sucessivas vezes e foi alvo de várias tentativas de privatização, mas o Estado italiano deixou a empresa falir. Criou outra, mais pequena, em 2021: a ITA Airways. Mais tarde, foi comprada pela Lufthansa, que detém 41% da empresa.

A privatização da TAP vai depender dos valores envolvidos de quem comprar e do acordo parassocial que vai definir os termos da gestão privada. Mas é quase certo que os 3,2 mil milhões de euros que o Estado injetou dificilmente serão recuperados.

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