TAP: o futuro e as polémicas

PS e ex-CEO da TAP combinaram perguntas e respostas, SIC revela troca de mensagens

Na reunião secreta entre o PS e a ex-CEO da TAP, em janeiro, foram combinadas as perguntas que o deputado Carlos Pereira devia fazer e as respostas que Christine Ourmières-Widener devia dar na audição no Parlamento. A SIC teve acesso a documentos que mostram que, afinal, tudo foi combinado.

SIC Notícias

Na reunião secreta, a 17 de janeiro, entre o PS e a ex-CEO da TAP, Christine Ourmiéres-Widener, foram combinadas perguntas que o deputado Carlos Pereira devia fazer e as respostas que a ex-administradora devia dar na audição na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, no Parlamento.

O caso Alexandra Reis ainda não tinha um mês quando Christine Ourmiéres-Widener, ex-CEO da TAP, foi pela primeira vez ao Parlamento prestar esclarecimentos aos deputados.

Veio a saber-se mais tarde que, na véspera, a ex-CEO da TAP esteve numa reunião secreta onde estava o deputado socialista Carlos Pereira e assessores de Governo. Foi nessa reunião que foram combinadas as perguntas e as respostas para a audição do dia seguinte.

Nas mensagens WhatsApp a que a SIC teve acesso, trocadas entre o ministro João Galamba e o seu adjunto, Frederico Pinheiro, fica provado que Galamba autorizou, dois dias antes da audição no Parlamento, que Christine Ourmiéres-Widener participasse da reunião secreta.

As mensagens no WhatsApp

Frederico Pinheiro: “A TAP quer participar na reunião de amanhã com o GPPS [Grupo Parlamentar do Partido Socialista], pode ser?”

João Galamba: “Pode”

Frederico Pinheiro, que trocou mensagens com o ministro, foi também quem coordenou a reunião secreta na véspera da audição.

Da informação que chegou à comissão de inquérito e a que a SIC teve acesso, constam as notas enviadas por este adjunto de João Galamba. Nessas notas, estão as perguntas que o deputado socialista Carlos Pereira devia fazer à ex-CEO.

As perguntas (combinadas) de Carlos Pereira

  • Que razões levaram à saída de Alexandra Reis?
  • Que funções tinha?
  • Esteve envolvida nos processos de reestruturação, nomeadamente salários?
  • A relação entre o CEO da TAP e a legalidade de indemnização
  • Contratação da SRS porquê? Já trabalhava para a TAP?
  • O departamento jurídico acompanhou? Fez algum alerta?
  • Comunicação entre chairman e CEO?

Para além de terem sido combinadas as perguntas, também houve indicação para as respostas que a ex-CEO deveria dar aos deputados.

As respostas (combinadas) da ex-CEO da TAP

  • Sobre as razões da saída da Alexandra Reis: há divergências sobre a implementação do Plano de Reestruturação. Tem de haver um alinhamento de posições.
  • Não há nada pessoal, isso é chocante até pensarem nisso.
  • Sobre comunicação com Governo, enviámos tudo para IGF [Inspeção-Geral das Finanças], comunicações escritas entre mim e o Governo.
  • Enviei comunicações para HM [Hugo Mendes - antigo secretário de Estado de Pedro Nuno Santos].
  • A Sociedade Rebelo de Sousa já estava a trabalhar com a TAP.
  • Chairman esteve sempre envolvido e disse-me que falou com o Governo. Ele assinou o documento.
  • O Departamento jurídico TAP não acompanhou as negociações.
  • Não podíamos ter feito isto sem o ok do acionista, deixaram de fora os advogados TAP por causa dos conflitos de interesse e confidencialidade.

A SIC pediu esclarecimentos ao Governo. O Ministério de João Galamba respondeu, mas apenas para reiterar o comunicado de 6 de abril em que assegurava que tinha sido a ex-CEO da TAP a pedir a reunião com os deputados do PS.

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