Praxes académicas

Universidades britânicas proíbem "cerimónias de iniciação" mas álcool em excesso continua

As "cerimónias de iniciação" para caloiros  são expressamente proibidas pelos regulamentos de várias universidades britânicas,  mas o consumo de álcool em excesso que causou mortes no passado continua  a ser frequente.

Os ritos, organizados por associações ou clubes desportivos académicos,  são feitos à margem da universidade e são supostamente secretos, mas a imprensa  britânica tem relatos de peixes dourados engolidos vivos, atos de simulação  sexual e a ingestão de mistelas que podem incluir comida de cão ou ovos  crus.  

Desde 2008 que a universidade de Newcastle tem escrita a proibição de  jogos que implique o "consumo de grandes quantidades de álcool ou qualquer  tipo de comida e bebidas, nudez ritualizada, desempenho de tarefas perigosas  ou abusos físico e psicológico".  

A universidade de Twickenham distingue entre "indução", eventos sociais  onde são apresentadas as regras, hierarquia e outros membros de um clube  ou associação da universidade, e "cerimónia de iniciação", que é proibida.

Além de condenarem comportamentos ordenados aos caloiros que possam  ser considerados humilhantes, a mesma universidade condena também os comentários  ou fotografias pouco dignificantes em redes sociais ou blogues.  

Estes rituais têm lugar habitualmente durante a chamada "Freshers Week" [Semana dos Caloiros], uma semana sem aulas no início do ano letivo destinada  aos estudantes conhecerem colegas e o funcionamento da universidade e aderirem  a equipas ou clubes académicos.  

No passado, eventos organizados por clubes desportivos para integrarem  novos membros tiveram consequências dramáticas em jovens com apenas 18 anos:  em 2003, Alex Doji sufocou no próprio vómito na universidade de Staffordshire  após um "rali de pubs" com amigos do râguebi; em 2006, Gavin Britton, da  universidade de Exeter, colapsou na rua após uma noite de copos com colegas  do clube de golfe.  

Em 2008, também causou controvérsia a divulgação de um vídeo em que  estudantes da universidade de Gloucestershire eram forçados a caminhar em  fila com sacos de plástico na cabeça e a obedecer as ordens para beber cerveja  por um estudante vestido com um uniforme nazi.  

Na altura, o Sindicato dos Estudantes tomou posição a favor da proibição  deste tipo de cerimónias iniciadoras: "Elas colocam os estudantes e excluem  os estudantes que não querem participar nessa cultura de bebida em excesso".

Cabe às administrações de cada universidade, que são autónomas, decidirem  as regras que aplicam sobre esta questão, variando os castigos entre multas  à expulsão. 

Mas nem todos se opõem às praxes: o atual Mayor de Londres, Boris Johnson,  criticou em 2008 a associação de estudantes da universidade de Exeter por  ter proibido cerimónias que envolvessem o consumo de álcool, na sequência  da morte de Gavin Britton. 

O então ministro sombra da Educação, aconselhou os dirigentes associativos  a "controlarem-se" e comparou a reação com a proibição de armas após o massacre  na escola de Dumblane, em 1996 na Escócia, a qual, argumentou Johnson, "não  fez absolutamente nada para reduzir o número de armas neste país".  

 

Lusa

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