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Facebook e Instagram deixam de verificar factos, e agora?

Neste novo modelo, os utilizadores são responsáveis por adicionar contexto informativo às publicações que consideram erradas ou falsas. Os críticos desta mudança consideram que a medida vai contribuir para aumentar a desinformação nas redes sociais.

Lourenço Medeiros

SIC Notícias

O Facebook e o Instagram acabaram com o programa de verificação de factos para os conteúdos partilhados nos Estados Unidos. A Meta, empresa dona das plataformas, anunciou que o programa vai ser substituído por um sistema de notas da comunidade, semelhante ao que já é utilizado na rede social X.

Neste novo modelo, os utilizadores são responsáveis por adicionar contexto informativo às publicações que consideram erradas ou falsas. Os críticos desta mudança consideram que a medida vai contribuir para aumentar a desinformação nas redes sociais.

Que modelo é este e que mudanças traz?

O programa de verificação de factos vai apenas deixar de estar disponível nos Estados Unidos. Pelo menos para já. Lourenço Medeiros, editor de novas tecnologias da SIC, avança que já há empresas a diminuir para metade a verificação de factos.

“Tenho informações que me dizem que já começaram a reduzir os contratos com as empresas que verificam os factos do Facebook, por exemplo. No caso que eu conheço, para cerca de metade. Ou seja, a empresa só tem que verificar metade do que verificava antes. Eu penso que isto já é um claro indício do caminho que eles tencionam seguir.”

Assim como explica Lourenço Medeiros, “como grande parte das pessoas não são de todo responsáveis no que publicam e algumas estão mesmo de muito má fé, criou-se uma autêntica indústria da verificação de factos e o Joel Kaplan da Meta, a empresa que tem o Instagram e o Facebook, foi muito claro a dizer que acabou a verificação de factos e os verificadores de factos”.

“Foi anunciado, creio que, em janeiro, com uma frase que nunca me esquecerei, do Mark Zuckerberg, que disse que não há razão nenhuma para que não se possa dizer nas redes sociais o que os políticos dizem. Eu traduziria para: não há razão nenhuma para não mentir como os políticos mentem. Mas enfim, os políticos depois têm os jornais e as televisões para verificar as coisas e as redes sociais não”.

Medida pode contribuir para maior desinformação nas redes sociais?

Para substituir esta alteração, as redes sociais começaram a implementar 'Community Notes' como a sua nova opção de verificação de conteúdos.

“Se eu publicar um facto que é mais polémico ou até uma mentira, há uma série de pessoas, voluntários, em princípio, que podem ir lá e fazer uma nota a contextualizar aquilo que eu digo. Não vão retirar aquilo que eu digo, não há penalização nenhuma para quem mentiu, para quem insultou”, explica Lourenço Medeiros.

“A ideia agora é que todos podem dizer o que lhes vier à cabeça, mesmo que isso seja mentiroso e até prejudicial para outros”, frisou.

E os riscos estão associados à falta de controle: “Tudo aquilo que nós dizemos nas redes sociais, eu acredito que será piorado com este fim da verificação de factos”.

“Os maus das redes sociais tornam-se piores com este fim da verificação. Aquilo que os defensores desta medida consideram é que é acabar com a censura. Uma coisa é censura pela censura, a proveito de um determinado regime, por exemplo, outra coisa é haver mecanismos que garantem a verdade dos factos e que impedem que pessoas, por exemplo, que fazem sistematicamente campanhas mentirosas e tem havido imensos exemplos neste momento.”

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