Orçamento do Estado

Orçamento do Estado: será a contraproposta do PM uma tentativa de "virar o jogo" e "provocar" o PS?

Bernardo Ferrão e José Gomes Ferreira analisam a contraproposta "irrecusável" de Luís Montenegro a Pedro Nuno Santos, numa tentativa de conseguir a viabilização do Orçamento do Estado para 2025.

Bernardo Ferrão

José Gomes Ferreira

Após o final do debate quinzenal na Assembleia da República, Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos reuniram-se em São Bento. Após uma reunião de 30 minutos, o primeiro-ministro e o principal líder da oposição voltaram a discutir o futuro Orçamento do Estado para 2025. Pedro Nuno Santos preferiu submeter-se ao silêncio, mas Luís Montenegro apresentou ao país a contraproposta ("irrecusável") que fez ao Partido Socialista (PS).

Ao longo dos últimos meses, o Secretário-Geral do PS deixou claro que não iria abdicar daquelas que considera serem as "linhas vermelhas" do seu partido - o IRC e IRS Jovem. Bernardo Ferrão diz que a contraproposta apresentada por Luís Montenegro é uma tentativa de "virar o jogo" e de "provocar" Pedro Nuno Santos.

"O líder do PS vê plasmados, nesta proposta irrecusável, muito daquilo que o próprio PS defendia no seu programa eleitoral há muito pouco tempo nas eleições. Quer para o IRS Jovem, quer para o IRC", refere.

Na sua opinião, o "Governo cedeu a favor do PS", numa tentativa de mostrar aos portugueses que há um "sentido de Estado" por parte do Executivo.

"Não sei se o Governo faz isto porque pode acreditar que Pedro Nuno Santos nunca aceitará isto. Portanto, atira tudo para cima de Pedro Nuno Santos, sabendo o Governo, ou imaginando o Governo, que o PS dificilmente aceitará uma proposta destas. No fundo, o que Luís Montenegro quer mostrar aqui é que o PS só está interessado em eleições".

José Gomes Ferreira fala numa "perda de noção do senso comum" e considera que se existir um chumbo do Orçamento de Estado será responsabilidade da oposição e não do Governo.

"A oposição e alguns analistas dizem que se o Orçamento chumbar será culpa do Governo e das oposições. Mas há um pormenor que muita gente se esquece. Quem ganhou as eleições foi o PSD/AD, por isso formou Governo, e por isso tem a prerrogativa da iniciativa. Portanto, o 'primeiro pontapé na bola' é sempre do Governo. Aquilo que é a reação do PS ou do Chega será sempre uma reação", refere.

Durante as declarações aos jornalistas, Luís Montenegro confirmou que o Governo aceitou adotar modelo do IRS Jovem do Partido Socialista (PS). O regime é alargado a todos os jovens - sem estar dependente da escolaridade, como acontece atualmente - até aos 35 anos e aumenta de cinco para 13 anos o período de isenção.

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