José Sócrates nega ter beneficiado a empresa Lena enquanto foi primeiro-ministro. Ao quarto dia de julgamento, voltou a garantir que as acusações do Ministério Público são absurdas e infundadas.
"Estou aqui honestamente para defender, para mostrar que tudo isto é um monumental embuste, que as acusações de corrupção são como eu disse, desde o primeiro dia, profundamente injustas, falsas e absurdas", afirma o antigo primeiro-ministro.
À saída do tribunal, Sócrates nega ter beneficiado o grupo Lena, uma construtora de Leiria, enquanto foi primeiro-ministro.
"Grupo Lena ganhou mais nos governos de Guterres e Durão. No meu até diminuiu"
Antes, dentro do tribunal no quarto dia de julgamento, José Sócrates começou a defender-se da acusação de que terá sido corrompido pelo grupo para favorecer a empresa em contratos públicos.
"Nao tem o mínimo suporte na realidade toda esta conversa. Os procuradores quiseram desonrar o meu governo", diz.
Para desmontar a acusação de favorecimento da empresa, cita documentos que indicam a quota de mercado do grupo Lena no universo de concursos públicos adjudicados.
"Se compararmos a quota de mercado do meu governo no conjunto das adjudicações do Estado foi 2,54%. Quanto teve em igual período dos governos anteriores? Nos de Guterres e Durão Barroso, somando também seis anos, a empresa Lena teve 2,93%. Ou seja, de um período para o outro diminuiu."
Diz ainda que o "ódio da direita contaminou" o Ministério Público.
José Sócrates, de 67 anos, está pronunciado (acusado após instrução) de 22 crimes, incluindo três de corrupção por ter, alegadamente, recebido dinheiro para beneficiar em dossiês distintos o grupo Lena, o Grupo Espírito Santo (GES) e o o empreendimento de Vale do Lobo, no Algarve.
Entre os projetos associados ao grupo Lena, estão as obras de reabilitação de escolas no âmbito da Parque Escolar, uma matéria em relação à qual a presidente do coletivo de juízes, Susana Seca, reconheceu não existirem "factos concretos alegados" pelo Ministério Público.