Marco Caneira não tem dúvidas: “Os agentes têm muito peso, tanto nos clubes como nas seleções.”
O antigo internacional, formado no Sporting, passou pelo Benfica, por empréstimo do Inter, e houve interesse em prolongar a ligação, mas os clubes acabaram por não alcançar o entendimento: “Nessa altura, tive uma reunião com um funcionário do agente José Veiga em que este me disse que só ficaria no Benfica se mudasse de empresário. Disse-lhe que não.
O meu agente era o Paulo Barbosa, com quem tenho uma grande relação, e não iria mudar.”
Marco Caneira diz que estas situações são “normais no futebol” e mostram a tentativa de influência que alguns empresários querem ter. Apesar deste episódio, o antigo defesa acredita que não foi por esse motivo que não continuou nas águias. “Financeiramente, era difícil para o Benfica chegar aos números pretendidos pelo Inter.”
“Deixei de ir à Seleção por questionar distribuição da publicidade”
Foi internacional em 25 ocasiões e marcou presença nos Mundiais de 2002 e 2006. Marco Caneira estava na calha para ir ao Euro 2008, na equipa então orientada por Luiz Felipe Scolari, mas acredita que ficou de fora por motivos extrafutebolísticos.
“Estava numa reunião relacionada com sponsors e disseram que o dinheiro desses anunciantes era para dividir apenas por três ou quatro jogadores, embora utilizassem a imagem de todos. Questionei isso. Se somos 23 porque é que só alguns é que recebem? A partir desse momento, fui retirado da equação.”
“Ibrahimovic foi dos mais difíceis que apanhei”
Ao longo da sua carreira, Marco Caneira teve oportunidade de defrontar alguns dos melhores avançados do mundo. Quando estava no Valência, jogou frente ao Barcelona de Ronaldinho, Messi ou Henry.
“Com Ronaldinho eram grandes duelos. Até falávamos durante os lances. Ele com a bola e eu a dizer-lhe, vem, vem. Era muito competitivo.”
A nível do poder físico, Ibrahimovic e Adriano foram dos mais fortes: “O Ibrah tinha tudo. Força, agilidade, muita personalidade. Tentava entrar na cabeça dos defesas com aquela forma de ser. Cheguei a fazer-lhe uma entrada forte, ele caiu, e depois perguntou-me se eu estava bem.”
Já Adriano, que chegou a agredir Marco Caneira num jogo de Champions entre o Inter e o Valência, também era desafiante. “Os defesas têm de entrar de forma contundente nos primeiros minutos dos jogos. Fiz isso e ele perdeu a cabeça, mas não foi nada de grave.”