Normalmente, os polvos caçam sozinhos, mas imagens captadas no Mar Vermelho e na Grande Barreira de Coral, na Austrália, mostram que este animal pode colaborar com peixes para tentar encontrar a próxima refeição.
"Quando o polvo está sozinho, faz caça especulativa, ou seja, vai experimentando vários sítios a ver onde há comida. Mas quando está a caçar com peixes que são colaboradores, ele deixa os peixes encontrar a comida e, quando esses peixes encontram, mandam um sinal ao polvo e aí o polvo move-se para esse local", explicou, à SIC, o biólogo marinho Eduardo Sampaio.
"Às vezes, a postura do peixe aponta para onde está a presa e o polvo apercebe-se disso. Obviamente que tudo isto é muito complexo e há várias formas de comunicar entre eles e, portanto, tudo isto foi inovador, ainda não tinha sido mostrado na natureza", acrescentou o biólogo marinho Rui Rosa.
No total, foram cerca de 120 horas dentro do mar. Observaram 13 grupos de caça de polvos e diferentes espécies de peixes.
"A particularidade deste polvo é que é um polvo diurno, ele está bastante ativo durante o dia, ao contrário do polvo da nossa costa, que é uma espécie muito mais noctívaga", disse Rui Rosa.
É essa espécie que está agora a ser estudada no Laboratório Marítimo da Guia, em Cascais.
"O que nós fazemos é ensinar o animal a associar um estímulo neutro, como por exemplo, uma cor a um estímulo positivo, [no caso], uma recompensa. Ou outro estímulo neutro a um estímulo negativo, e uma vez que o animal aprende essa associação testamos com um estímulo ambíguo", descreveu a bióloga marinha Mélanie Court.
Neste caso, foram usadas as cores branca e preta para ver como iriam reagir.
"Se ele escolhe a placa preta, está a ir, neste caso, contra a sua preferência natural por cores escuras e recebe um estímulo negativo. Portanto, ele é perseguido por uma rede. Se escolher a placa branca, está associado a um estímulo positivo, ou seja, uma recompensa, neste caso, é um caranguejo que é a presa que eles preferem", exemplificou Mélanie Court.
Este estudo dura há cinco meses. E o objetivo é estudar o estado emocional dos polvos.