As empresas que importam óleo de palma da Malásia poderão adotar orangotangos e os fundos angariados serão distribuídos por organizações não-governamentais (ONG) que trabalham no terreno para proteger esta espécie ameaçada. A medida foi apresentada pelo Governo da Malásia a 18 de agosto.
Há cerca de três meses, o ministro das Plantações e Matérias-Primas, Johari Abdul Ghani, já tinha apresentado um plano que previa o envio de orangotangos para o estrangeiro como presentes comerciais, num esforço para dissipar as preocupações sobre o impacto no habitat dos animais da produção de óleo de palma, que tende a implicar o desmatamento de terrenos florestais.
Esse plano levantou objeções de grupos ambientalistas, que temia pela preservação e bem-estar dos orangotangos que estão criticamente ameaçados.
"A nossa 'diplomacia orangotango' significa que eles (os orangotangos) não podem deixar o seu habitat natural. Temos que mantê-los aqui e depois iremos interagir com os países ou compradores do nosso óleo de palma. Se eles quiserem colaborar para garantir que os orangotangos são protegidos e preservados para sempre, então são convidados a vir e participar na conservação do seu habitat natural aqui em Sabah", disse Johari Abdul Ghani, em conferência de imprensa em Sabah, no Norte de Bornéu.
Abdul Ghani acrescentou que a região de Sabah tem atualmente cerca de 15 mil orangotangos.
O ministro explicou que os fundos angariados junto de empresas que adotam orangotangos serão distribuídos a ONG e que o governo de Sabah irá monitorizar as áreas florestais onde vivem os primatas e procurar garantir a sua segurança e bem-estar.
Marc Ancrenaz, diretor científico da ONG Hutan, disse esperar que o plano financie trabalhos de conservação de habitats, como a construção de corredores entre florestas fragmentadas que são demasiado pequenas para sustentar populações de orangotangos em meio selvagem.
O esquema de "diplomacia do orangotango" foi tornado público pela primeira vez em maio, depois de a União Europeia (UE) aprovar no ano passado uma proibição de importação de produtos ligadas ao desmatamento.
A Malásia, segundo maior produtor mundial de óleo de palma, com inúmeras aplicações que vão do batom à piza, considerou a lei da UE como discriminatória, mas acabou por desenvolver medidas para proteger o habitat dos orangotangos.