Os portugueses Vasco Vilaça e Ricardo Batista, estreantes em Jogos Olímpicos, terminaram esta quarta-feira respetivamente no quinto e sexto lugares da prova masculina de triatlo de Paris 2024. Resultados "sobrenaturais", considera o ex-atleta olímpico Luís Alves Monteiro. "Seguramente quase que aposto que duas medalhas vamos ter de certeza", diz o presidente da Associação dos Atletas Olímpicos de Portugal, que analisa o desempenho dos atletas lusos e o papel do desporto em Portugal.
"Tenho grandes esperanças, nós temos atletas como Jorge Fonseca, o Diogo Ribeiro nos 100 metro mariposa. Depois temos aqueles que são quase garantias, mas a este nível nunca se sabe, mas de facto, o Fernando Pimenta é um atleta que está noutra dimensão estratosférica, o Pedro Pablo Pichardo.
Portanto, seguramente quase que aposto que duas medalhas vamos ter certeza. É mas é a exemplo do que vimos agora, estes resultados do Vasco Vilaça e do Ricardo Batista são sobrenaturais, estão de parabéns. Acho que vamos ter resultados de grande valia e agora os objetivos não são fáceis. Nós temos 15 diplomas para atingir, do ponto de vista de objetivos, quatro medalhas, 15 diplomas e 32 lugares nos 16 primeiros", sublinha Luís Alves Monteiro.
Papel do desporto em Portugal
O atleta olímpico em Los Angeles em 1984 lembra que Portugal tinha um plano de preparação olímpica com 164 atletas e um dos objetivos era ter 80% desses atletas nos Jogos Olímpicos. Contudo, a comitiva portuguesa é constituída por 73 atletas.
"Deveríamos ter 130, tivemos 73. Isso também diminui um pouco a medida dos resultados, mas Portugal não pode ser um país de resultados, porque se nós formos fazer a comparação, por exemplo, com a vizinha Espanha, com países que têm entre 5 a 10 milhões de habitantes ou 15 milhões de habitantes na Europa, nós temos 28 medalhas e depois vamos comparar com a Bélgica que tem 157, com a Hungria que tem 500, a Suécia tem 500, a Bulgária tem 90 e tal medalhas (...) Nós deveríamos pensar no desporto de outra forma", realça.
Luís Alves Monteiro considera que é preciso incentivar a prática desportiva, cuidar da base para depois ter no topo os atletas de elite.
"Se nós não cuidarmos da base, nunca vamos ter um desporto competitivo como devíamos ter. E, por outro lado, o que é que nós queremos que o desporto represente em Portugal? O desporto é um meio, não é um fim, é um meio para uma sociedade mais inclusiva, uma sociedade mais moderna, uma sociedade mais solidária.
Se nós fizermos as coisas bem feitas, com planeamento, com estratégia, depois no topo da pirâmide, vão começar a sair os resultados (...) Não temos falta de financiamento, temos falta é de aplicar o dinheiro no sítio certo, fazer escolhas".
Importância do apoio psicológico
Nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, nos quais participou há 40 anos no Pentatlo Moderno, Luís Alves Monteiro conta que a comitiva da ex-União Soviética já era acompanhada de perto por psicólogos. Uma preocupação fundamental que só mais tarde chegou a Portugal.
"Não é uma patologia, são apenas momentos de frustração, de angústia e que têm que ser acompanhados e no fundo é tentar manter a euforia que não vá muito para cima, nem vá muito para baixo, manter esta consistência (...) A saúde mental é um tema muito atual e que pode inclusive melhorar a performance dos atletas", explica.
O presidente da Associação dos Atletas Olímpicos de Portugal recorda as recentes declarações do judoca Jorge Fonseca, que revelam as preocupações dos atletas olímpicos sobre o futuro, outra questão que também deveria ser acautelada em Portugal.
"Tem uma expectativa muito grande. Ele de facto é um campeão, já foi campeão mundial duas vezes. Já foi medalha de bronze e tem uma grande expectativa para os Jogos, mas depois também tem uma ansiedade e uma angústia muito grande de saber o que é que vai para lá dos jogos, que é que vai acontecer e estamos a falar do pós carreira e, de facto, nós não temos uma estrutura", reforça Luís Alves Monteiro.
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