Jornada Mundial da Juventude

JMJ na Coreia do Sul: um país com poucos jovens que abre as portas ao mundo

O anúncio foi feito na missa do envio: a próxima edição da Jornada Mundial da Juventude decorre na Coreia do Sul. É o segundo país asiático a acolher o evento.

ANDRÉ KOSTERS

Filipa Traqueia

No final da missa, os peregrinos pegaram aparelhos de tradução para ouvir as declarações do Papa Francisco - que culminou no anúncio: “A próxima Jornada Mundial da Juventude (JMJ) terá lugar na Ásia. Será na Coreia do Sul, em Seul.”

A festa foi modesta. Os jovens abanaram as bandeiras que tinham na mão e voltaram a concentrar-se na celebração. “Estamos muito felizes”, diz um dos peregrinos sul coreanos, enquanto se prepara para abandonar o Parque Tejo-Trancão.

Em 2027 - dois anos depois do Jubileu, que será celebrado em Roma - Seul abre portas aos jovens católicos de todo o mundo. A Coreia do Sul será o segundo país asiático a receber as JMJ, depois das Filipinas em 1995.

A cidade era apontada já como uma das anfitriãs favoritas ao evento, mas a confirmação só veio mesmo no final da missa do envio - como é tradição.

Muitos peregrinos que vieram a Portugal mostraram interesse em voltar a repetir a experiência na próxima edição da JMJ. Mesmo antes do anúncio, Javiera Silva, do Chile, garantia que iria à Coreia: “Se for em Seul, aprendo coreano e vou."

Alta tecnologia e baixa natalidade

Atualmente, a sociedade sul-coreana é bastante desenvolvida. É neste país que se produzem as mais avançadas tecnologias. Alguns dos gigantes do setor estão sediados no país, como é o caso da Samsung.

Ao nível da comunicação, a Coreia do Sul dispõe da mais rápida internet do mundo e as linhas de comboios de alta velocidade chegam praticamente a todo o lado. Está também nos 20 países com maior produto interno bruto do mundo (PIB).

No entanto, a nível populacional, as notícias não são tão animadoras: a Coreia do Sul é um dos países com pior taxa de natalidade do mundo. Em média, cada mulher sul coreana em idade de reprodução, há 0,78 bebés. Os elevados custos de vida no país desencorajam os jovens a criar uma família.

Por essa razão, o crescimento populacional tem sido quase residual na última década e, nos últimos dois anos, chegou mesmo a ser negativo.

História de guerra e tensão com o vizinho do norte

A capital da Coreia do Sul é Seul. Uma cidade com perto de 10 milhões de habitantes (quase tanto como a população portuguesa), localizada nas margens do rio Han, no norte do país. No total, estima-se que vivam no país mais de 51,7 milhões de sul coreanos, segundo dados de 2023.

Há apenas uma fronteira terrestre: a Coreia do Norte, um país com o qual não tem relação diplomática. A relação com o vizinho tem sido tensa desde a separação das Coreias. A República da Coreia (conhecida como Coreia do Sul) tornou-se um país em agosto de 1948, um mês antes da Coreia do Norte assumir o nome de Republica Democrática Popular da Coreia.

A Guerra das Coreias terminou com o armistício, assinado em 1953. Foi estabelecida a zona desmilitarizada da Coreia - na fronteira dos dois países -, foi iniciado um acordo de cessar-fogo e os prisioneiros de guerra voltaram aos seus países

Mas as relações nunca foram boas e, nos últimos anos, a tensão voltou a aumentar. De um lado, os Estados Unidos têm aumentado o apoio militar à Coreia do Sul; do outro, Kim Jong Un a testar centenas de mísseis balísticos.


Papa Francisco visitou a Coreia do Sul em 2014

A visita foi considerada história: o Papa Francisco foi à Coreia do Sul em 2014, onde realizou uma visita oficial de cinco dias. Na agenda estava a participação na Jornada Asiática da Juventude, que se realizou em Daejeon, assim como a celebração de uma missa pela paz e pela reconciliação na península da Coreia.


O catolicismo não é a principal fé da Coreia do Sul. Mais de metade da população afirma não ter qualquer afiliação religiosa e apenas perto de 8% se considera católicos. As principais religiões praticadas no país são o protestantismo e o budismo.

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