Começou esta terça-feira a Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Os milhares de peregrinos - que podem passar aos milhões - espalhados pelas ruas de Lisboa refletem a dimensão de um evento único, talvez o maior que Portugal alguma vez tenha recebido.
O diretor-adjunto do Expresso, Martim Silva, não tem dúvidas de que a JMJ é um “evento extraordinário”, mas diz que é também importante contar “o outro lado”, o dos milhões gastos num processo “sem transparência”.
Tudo até pode correr bem a partir desta terça-feira, mas muito ficou por fazer pelo caminho. Os ajustes diretos, “que dispararam nos últimos meses”, não se justificam face ao tempo que a organização teve para preparar as jornadas.
“O problema é que aquilo que é exceção deixou de ser exceção. Supostamente, o normal é a contratação por concurso público, e só há exceções em caso de emergência, de calamidade. A JMJ não é o caso, sabe-se da sua realização desde 2019”, lembra Martim Silva.
Segundo o diretor-adjunto do Expresso, “não estava nada pronto e tudo foi feito em cima dos joelhos”.
“Sabemos que fatalmente as contas serão mais caras, pois não foram obedecidas as regras de contratações públicas normais, não se foi ao mercado ver qual é o melhor preço, e quem vai pagar mais somos nós”.
Lembrando o Euro2004, realizado em Portugal, Martim Silva considera que “mais uma vez não fizemos as coisas bem”, temendo que os gastos públicos da JMJ, assim como na competição de futebol, sejam bastante superiores ao que era previsto.
Costa, Marcelo ou Moedas?
Apesar dos pontos negativos, um evento que promete juntar mais de um milhão de peregrinos em Portugal é de grande importância e, se tudo correr bem até o próximo domingo (último dia da JMJ), há quem possa sair beneficiado no plano político.
"Acho que se a iniciativa correr bem, quem pode capitalizar politicamente não é António Costa ou Marcelo Rebelo de Sousa, mas sim Carlos Moedas. (…) Não digo que ele está a usar a JMJ para isso, mas fatalmente o seu nome será falado para outros voos na medida que a Jornada seja um sucesso de organização, pois isso passa muito por ele", diz Martim Silva.