Jornada Mundial da Juventude

As explicações da Igreja sobre as Jornadas Mundiais da Juventude

O bispo auxiliar de Lisboa e presidente da Fundação Jornada Mundial da Juventude, D. Américo Aguiar, confessou sentir-se “magoado” com os cerca de 5 milhões de euros destinados ao altar-palco do Parque Tejo.

TIAGO PETINGA/Lusa

Ana Luísa Monteiro

Em conferência de imprensa, esta quinta-feira, D. Américo Aguiar, disse que a Igreja quer “saber qual é a razão” dos cerca de 5 milhões de euros gastos no altar-palco que irá receber o Papa Francisco e a comitiva. Apesar de reconhecer que se trata de uma “instalação nunca vista no país”, o bispo auxiliar de Lisboa considera que o valor “magoa”.

“O Papa pede-nos uma reflexão sobre a nova economia, sobre o respeito pelos bens materiais, nós não queríamos ferir a Jornada Mundial da Juventude com este tipo de acontecimento”, reiterou.

De acordo com o bispo auxiliar de Lisboa e presidente da Fundação Jornada Mundial da Juventude, o próprio não teve conhecimento prévio do valor adjudicado por ajuste direto à construtora Mota-Engil. Também ressalvou que a Igreja “não validou a 100% o projeto”.

“Soube do valor quando vi a notícia do Observador. Não sabia, nem tinha que saber", continuou, acrescentando que não era da responsabilidade da Igreja acompanhar o caderno de encargos do palco - no entanto, admitiu que, se fosse hoje, o faria.

Questionado sobre se Marcelo Rebelo de Sousa tinha tido conhecimento prévio do valor do altar, D. Américo Aguiar disse que “não era verdade” que o Presidente da República estivesse a par dos custos, o que contraria as informações dadas esta quinta-feira à SIC por fonte do Patriarcado de Lisboa.

“O sonho de Lisboa, Loures e do Governo”

Segundo um orçamento que a SIC teve acesso, a recuperação do aterro sanitário de Beirolas, onde vai assentar o evento, irá custar 7 milhões de euros à Câmara de Lisboa. Sobre a escolha do local, D. Américo Aguiar disse que a “escolha tinha ónus suplementares porque significava intervencionar um espaço que está a monte e outro que tem um aterro sanitário”.

“Acabou por ser a proposta escolhida e muito sublinhada pelo Presidente da República, Governo e na altura, Fernando Medina, o Presidente da Câmara de Lisboa”, apontou.

O bispo auxiliar de Lisboa indicou que seria a oportunidade para estas autoridades “terminarem o sonho de recuperar toda aquela geografia”, que começou com a Expo98. E a Igreja começou a “ter carinho” pela escolha que permitia um feito inédito:

“Nunca uma Jornada Mundial da Juventude teve a possibilidade de delegar um parque verde para as gerações futuras”, disse aos jornalistas.

Orçamento da Fundação JMJ ultrapassa os 80 milhões de euros

A Fundação da Jornada Mundial da Juventude prevê fechar o orçamento nos próximos dias, garantindo apenas que o valor desenhado já ultrapassou os 80 milhões de euros. O bispo auxiliar de Lisboa admitiu que os valores são “esmagadores”.

“Um exemplo: a alimentação dos peregrinos. Podemos estar a falar de mais de 30 milhões de euros e que são responsabilidade nossa”, revelou.

Neste momento, sabe-se que 420 mil jovens de mais de 100 países se inscreveram na primeira fase, mas ainda não são conhecidos números concretos de participação ou do valor que cada participante vai pagar.

Não se sabe também se o evento vai gerar lucros ou prejuízos. A única garantia que existe e que foi dada pela Fundação, é que, em caso de existirem lucros do evento, serão entregues às Câmaras de Loures e Lisboa para projetos que envolvam a juventude.

Para clarificar perspetivas, a Fundação da Jornada Mundial da Juventude vai contar com a ajuda do ISEG (Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa) para avaliar o impacto do evento na economia portuguesa.

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