O candidato a Presidente da República Marques Mendes sugeriu na quinta-feira mais envolvimento das Forças Armadas nos incêndios e que a comissão técnica independente inclua peritos estrangeiros, avisando que ficou a ideia que "São Pedro manda mais do que os políticos".
Luís Marques Mendes foi hoje o orador do jantar-conferência da 21.ª edição da Universidade de Verão do PSD, que decorre até domingo em Castelo de Vide (Portalegre), e começou por saudar a criação de uma comissão técnica independente - uma sugestão que partiu do PS -, considerando que é a única forma para "construir um pacto para 25 anos", como pretende o Governo.
"Não podemos andar a mudar soluções de Governo para Governo de um ano para o outro. Quem como eu quer ser Presidente da República tem obrigação de fazer pedagogia porque as políticas de ambição são de médio e longo prazo", disse.
O candidato presidencial deixou quatro sugestões que considerou construtivas para combater uma situação que classificou "uma verdadeira calamidade".
"A ideia que fica é que, na gestão dos fogos em Portugal, São Pedro manda mais do que os políticos portugueses", afirmou, considerando que "não precisa de ser declarado o Estado de calamidade, porque o país declarou a calamidade".
Nas suas sugestões, Marques Mendes defendeu que a comissão técnica independente que vai ser criada possa integrar peritos estrangeiros, além dos nacionais, considerando que tal reforçaria a independência do organismo.
Gerir fogos "a partir do Terreiro do Paço é ficção científica"
O candidato pediu ainda uma descentralização em matéria de prevenção para os municípios e freguesias - com meios e competências -, dizendo que gerir os fogos "a partir do Terreiro do Paço é ficção científica".
Investir na dimensão económica do território e garantir "um grande envolvimento" das Forças Armadas foram as outras duas sugestões do antigo líder do PSD em matéria de incêndios, dizendo que esta última ideia pertence ao antigo Chefe de Estado Maior das Forças Armadas Silva Ribeiro.
"As Forças Armadas são decisivas - são palavras dele - em tudo o que tem a ver com os incêndios, na parte da prevenção, na parte do combate e na parte da recuperação. Esta opinião técnica avalizada deve ser refletida, meditada e ponderada pelo poder político", afirmou.
O candidato fez esta recomendação por considerar que "a questão dos fogos florestais é mesmo uma questão de defesa nacional" e por entender que "a competência e profissionalismo" das Forças Armadas poderão dar contributo "muito útil" nesta matéria.Marques Mendes aconselhou ainda a que o tema dos incêndios seja abordado, em primeiro lugar, "com empatia e sensibilidade social".
"Há muita gente que tem sofrido. Antes de chegarmos a uma visão política, há uma visão humana e solidária a ter em atenção. Há pessoas de carne e osso, e são muitas, para o país todo, que sofrem com esta situação", disse.
Sem dizer se é essa a sua opinião, o candidato admitiu que "para muitos fica a ideia que, oito anos depois dos grandes incêndios de Pedrógão, parece que está tudo na mesma".
"É a sensação que existe no país. A sensação que existe é que a prevenção não se fez, ou não se fez, sobretudo, na dimensão que devia ter sido feita. A valorização do território, a gestão florestal", acrescentou.