O PSD e o PS não aprovam a comissão parlamentar de inquérito sobre os negócios dos incêndios proposta pelo Chega. Na universidade de verão do PSD, o líder parlamentar Hugo Soares acusou André Ventura de se aproveitar da dor dos portugueses.
O líder da bancada social-democrata acusa o líder do Chega de fazer um “número político de demagogia, falta de autenticidade, e até de descaramento”. Hugo Soares referia-se às imagens divulgadas, na semana passada, pelo partido de André Ventura, que o mostram a apagar um fogo que, nota o social-democrata, “estava mais do que extinto”.
No início do verão, PSD e Chega estiveram juntos nas leis de imigração e nacionalidade, mas o hábito não se repete agora no inquérito que o Chega quer parlamentar.
“A quem compete fazer, e bem, o trabalho de investigação da mão criminosa nos incêndios em Portugal é as forças de segurança e a Polícia Judiciária. Não é aos deputados no Parlamento”, declarou Hugo Soares, a propósito da proposta do Chega.
O líder parlamentar social-democrata considera que a criação de tal comissão parlamentar de inquérito é “extemporânea”, “inútil” e “despropositada”.
Mas o Chega admite forçar essa comissão de inquérito, realizando-a de forma potestativa, sem necessitar do consentimento dos outros partidos.
“Se tivermos de o fazer, faremos”, declarou André Ventura.
O Bloco de Esquerda também quer uma comissão de inquérito, mas sobre a coordenação e os meios de combate aos fogos.
Quanto à do Chega, sobre os negócios dos incêndios, contará com o voto contra do PS, que quer uma comissão independente - já admitida pelo PSD, como a de 2017.
O líder socialista, José Luís Carneiro, segue viagem pela estrada nacional 2, esta terça-feira, no distrito de Coimbra. André Ventura também está na estrada. Vai recolher alimentos para animais afetados pelos incêndios, na véspera do debate com o primeiro-ministro no Parlamento.