Incêndios em Portugal

"No concelho de Arganil ardeu cerca de 40% da sua área. Foram 11.800 hectares consumidos pelas chamas"

O autarca da Covilhã, Vítor Pereira, afirma que a situação está a evoluir positivamente, embora ainda existam focos ativos em várias aldeias. O presidente da Câmara Municipal de Arganil, Luís Paulo Costa, revela que cerca de 40% da área do concelho, o equivalente a 11.800 hectares, foi consumida pelas chamas.

Mariana Jerónimo

Apesar de o dia estar mais calmo, há ainda dois grandes fogos ativos: o de Arganil, agora na região da Covilhã (um dos seis concelhos para onde alastrou), que será já o maior registado na região até à data, e o de Figueira de Castelo Rodrigo, no distrito da Guarda.

Em entrevista à SIC Notícias, Vítor Pereira, autarca da Covilhã, refere que ainda existem muitos focos ativos em várias aldeias do concelho, nomeadamente Dominguiso, Unhais da Serra, Cortes do Meio, Vales do Rio e Taliscas, embora a situação esteja “minimamente controlada” e a caminhar para um “bom caminho”, que permita o incêndio ser dominado em breve.

“Nós temos, no concelho da Covilhã, uma área ardida superior àquela que ardeu no Parque Natural da Serra da Estrela nos incêndios de 2022. Isso significa que estamos perante uma tragédia, uma catástrofe, uma situação desesperante e complicada, para a qual vamos ter que tomar medidas e recorrer, lançando mãos às medidas anunciadas pelo Governo [na quinta-feira]. Mas a verdade é que, neste momento, o assunto não está resolvido, ou seja, o incêndio ainda não terminou, infelizmente", afirma.

O autarca de Arganil, Luís Paulo Costa garante que o incêndio, que começou no Piódão, está dominado desde domingo, embora se tenha alastrado a concelhos vizinhos. Refere que ardeu 40% da área do concelho de Arganil, ou seja, 11.800 hectares consumidos pelas chamas.

“Falhou, essencialmente, a falta de capacidade para aproveitar as faixas de proteção localizadas em zonas estratégicas — regra geral, nos montes — que poderiam ter travado a progressão do fogo. Não havia meios disponíveis para intervir nesse momento", explica Luís Paulo Costa.

Já Vítor Pereira garante que a Câmara Municipal da Covilhã fez todos os esforços ao seu alcance para evitar um cenário como o registado nas últimas semanas. Por outro lado, considera que falhou a coordenação e a prevenção por parte do Governo.

Governo anuncia 45 medidas de apoio

Na quinta-feira, o Governo anunciou um plano para a floresta que vai vigorar durante 25 anos, integrando um pacote de 45 medidas em resposta aos recentes incêndios que afetaram o país.

Luís Paulo Costa identifica um esforço para reduzir a burocracia e defende que há uma “simplificação que vai no bom caminho”, reforçando que o mais importante é que os apoios cheguem à população afetada. Também Vítor Pereira saúda os apoios anunciados e apela à sua eficácia. No entanto, alerta que o Governo continua “persistente em não declarar a situação de calamidade”.

Em conferência de imprensa, após o Conselho de Ministros, Luís Montenegro afirmou que, a partir do momento em que é definido o enquadramento jurídico e legislativo, é precisamente a resolução do Conselho de Ministros que operacionaliza, com maior rapidez e agilidade, os mecanismos que seriam disponibilizados ao abrigo da situação de calamidade.

Por isso, não existe necessidade de decretar formalmente o situação de calamidade, uma vez que o efeito prático já resulta da lei recentemente aprovada.

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