Cerca de 5.500 operacionais combatem esta terça-feira mais de uma centena de incêndios, em especial na região Centro e Norte do país. Emanuel Santos, vice-presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses e comandante do Corpo de Bombeiros de Ermesinde, retrata a situação dos operacionais e dos meios disponíveis no terreno no combate às chamas.
“Relativamente aos meios, começam a sentir já algum cansaço tanto a nível humano como a nível material - 80% dos veículos dos corpos de bombeiros tem mais de 20 anos, ou seja, atingiram o limite de vida útil (…) No meio deste fumo, deste pó provocado pelos incêndios, começam a sofrer avarias. E estes veículos necessitam de manutenção constante. Felizmente, no tecido empresarial português, há mecânicos e empresas a oferecerem-se para se deslocarem a alguns teatros de operações para os ajudar nesta manutenção, sem os veículos terem de sair do local do incêndio”.
O responsável realça que este é um "ponto muito preocupante" pois alguns dos meios que estão no terreno desde sábado e domingo "já tiveram de retirar por avarias".
Prioridade: "Fazer proteção à vida"
Emanuel Santos confirma a informação de que nesta altura a situação está complicada, que os bombeiros no terreno estão sobretudo a tentar salvar vidas, pessoas e as suas casas.
"As decisões têm de ser tomadas: primeiro as vidas, os bens e depois a floresta, isso está a ser feito em alguns locais. Por isso é que os incêndios por vezes aumentam um bocadinho de intensidade na parte de gestão, porque todos os meios vão fazer proteção às habitações, proteção às unidades industriais, fazer proteção à vida do português e posteriormente, procede-se ao combate para a floresta".
"Tem de haver sempre esta capacidade de decisão e esta análise que é feita ao minuto. São feitos planeamentos para 2, 3, 4 horas à frente, sabendo que a maior parte desses planeamentos terá de ser reajustada devido às condições climatéricas", explica Emanuel Santos.