Putin admitiu que o encontro entre Trump no Alasca abriu o caminho para a paz na Ucrânia, mas a desconfiança mantém-se. A Presidente da Comissão Europeia afirma que Putin não mudou, nem nunca vai mudar, uma opinião com a qual Manuel Serrano, analista de assuntos europeus e política internacional, concorda.
Em análise na SIC Notícias, Manuel Serrano garante que esta reunião não terá efeitos para alcançar a paz porque "já todos percebemos que Vladimir Putin não quer negociar absolutamente nada".
"Isto é tudo um teatro de sombras. E depois temos de deadline em deadline, duas em duas semanas, até uma guerra aparentemente interna ou ao afastamento dos Estados Unidos do conflito, ou deste hipotético cessar-fogo. Parece que este é o cenário mais provável", considera.
Quanto ao que disse Von der Leyen, Manuel Serrano diz que "é bastante otimista pensar que haverá algum acordo, algum plano concreto entre os Estados-membros para esta manutenção de paz, (...) porque o próprio chanceler Merz já disse que ainda não está visto em cima da mesa", sublinhando as muitas visões divergentes sobre a guerra na Ucrânia e o que poderá ser feito para se conseguir a paz.
Putin esteve ainda presente na Cimeira da Organização de Cooperação de Xangai. Serrano considera que esta presença é a "normalização de Putin" pela China e que isso não é novidade.
"A China tem apoiado a Rússia durante este conflito contra a Ucrânia. Não muitas vezes diretamente, mas através de tecnologias de duplo uso, através de compra de produtos energéticos, obviamente, e de várias maneiras", destaca o analista.
Sobre esta poder ser uma tentativa de recuperação da imagem do líder russo no contexto internacional, Serrano considera que tal só se verifica para alguns, "mas infelizmente esses 'alguns' parecem ser suficientes".
"Há aquela narrativa de que as sanções não funcionam. As sanções funcionam, só não funcionam tão bem porque há muitos Estados, entre eles a China, que fazem tudo para ajudar a Rússia a superar estas sanções", sublinha.
Caso flotilha humanitária
A flotilha humanitária que partiu este domingo de Barcelona rumo a Gaza teve de voltar para trás devido às condições meteorológicas. Os barcos regressaram ao porto da cidade espanhola por volta das 21h00, hora local.
Manuel Serrano comentou esta iniciativa considerando que "tudo o que chama a atenção, todas as iniciativas que chamam a atenção para a realidade em Gaza, que é isto que estamos a falar, um genocídio ou crimes contra a humanidade, uma violação do direito internacional humanitário patente" é positivo.
Ainda assim destaca que "o mais importante é que os Estados-membros tomem as decisões essenciais para que este conflito acabe ou para que este ataque israelita acabe".
"O mais importante para que isto aconteça é basicamente aquele acordo de associação da União Europeia com Israel, que já falámos várias vezes, e que a União Europeia pode suspender", frisa o analista da SIC Notícias.