A confirmação de uma possível reunião entre Donald Trump e Vladimir Putin levanta sérias preocupações quanto ao equilíbrio da negociação sobre a guerra na Ucrânia. O analista de assuntos europeus e política internacional Manuel Serrano sublinha os riscos de uma aproximação bilateral que exclua a presença de Volodymyr Zelensky.
"É muito preocupante a possibilidade de Zelensky não estar presente. Seja trilateral ou bilateral, é muito perigoso que Donald Trump esteja sozinho com Putin. A capacidade de manipulação de Vladimir Putin é enorme, tem uma grande experiência neste tipo de negociações, contrariamente a Donald Trump", alerta o comentador.
Manuel Serrano salienta o esforço do Presidente ucraniano para envolver os líderes europeus no processo negocial.
"A tentativa de Zelensky de trazer os líderes europeus para esta negociação é essencial. O chanceler Merz, Emmanuel Macron… eles têm um papel a desempenhar, mesmo que limitado. Se esse papel não for reforçado, será muito difícil que uma solução saída de uma possível reunião entre Putin e Trump seja favorável à Ucrânia e à arquitetura de segurança da União Europeia".
Riscos de um acordo desequilibrado
Para o analista, um cessar-fogo sem a presença de Zelensky ou sem uma mediação externa dificilmente trará estabilidade.
"Será muito difícil que, não havendo uma reunião entre Zelensky e Putin, ou uma reunião a três, seja possível encontrar uma saída realista. Putin continua a exigir a sua agenda maximalista e quer controlar totalmente aquelas regiões ocupadas antes de aceitar qualquer cessar-fogo".