As declarações de Donald Trump sobre as armas de longo alcance são a prova de que a capacidade ofensiva e militar da Ucrânia vai mudar a partir de janeiro. A diplomacia está a mobilizar-se, tardiamente, perante uma Rússia fortalecida e a imprevisibilidade da política americana, o futuro da Ucrânia permanece incerto.
Ricardo Alexandre lembra que "a Ucrânia tem estado a viver com atrasos na ajuda prometida, limitações na ajuda que é entregue e uma série de linhas vermelhas e tem vivido com isso, melhor ou pior", mas com Trump há de facto uma mudança de política nos Estados Unidos.
"Trump sempre disse que não estava disposto a financiar indefinidamente a ajuda à Ucrânia. Sabemos que há países europeus da NATO que fazem o esforço por convencer o Presidente dos Estados Unidos de que é do interesse também americano continuar a ajudar militarmente a Ucrânia. Mas essa ajuda está obviamente seriamente comprometida a partir de janeiro".
Joe Biden anunciou, pela segunda vez. esta semana, mais um pacote de ajuda militar, no valor de creio que 500 milhões de euros.
"É mais uma ajuda e é prova de que Biden quer mostrar que até ao fim esteve com a Ucrânia, ajudar o tempo que for preciso, ajudar até ao fim à Ucrânia, que fazia sentido para para a Administração Biden, embora com as tais limitações, atrasos da entrega e linhas vermelhas".
A situação na frente de batalha da Ucrânia, com menos homens que a Rússia, a perspetiva de uma mudança política em Washington com uma redução significativa do apoio, "leva Zelensky dizer aquilo que nunca pensou dizer ou que nunca o ouvimos dizer. Zelensky teve necessariamente que adaptar o discurso".
A diplomacia europeia tenta agora um papel mais ativo. Ricardo Alexandre relembra que na inauguração da Notre Dame estiveram juntos Trump, Zelensky e Macron. Hoje o Chanceler alemão disse que vai tentar telefonar a Putin para conversar nos próximos dias.
"Temos aqui os mais fortes aliados da Ucrânia a tentar tudo por tudo na diplomacia. Estão a fazer aquilo que deviam ter feito quase há 3 anos, em 3 anos fizeram muito pouco".