Guerra Rússia-Ucrânia

Eleições russas em territórios ucranianos "são tentativa de nacionalização"

A Rússia iniciou eleições regionais nas quatro províncias ucranianas que diz ter anexado, mas a Ucrânia garante que, além de ilegal, todo este processo é uma farsa. Manuel Poêjo Torres, comentador SIC, analisa o tema.

Manuel Poêjo Torres

SIC Notícias

As eleições regionais na Rússia estão marcadas para 10 de setembro, mas nas quatro regiões ocupadas da Ucrânia o processo foi antecipado e dura mais de uma semana.

Esta sexta-feira, dezenas de equipas levaram as urnas ao domicílio com o objetivo de recolher o maior número de votos naquelas províncias.

Para o comentador SIC, Manuel Poêjo Torres, esta é uma situação espectável, afirmando que um dos princípios elementares quando se anexa uma sociedade é “impor a agenda política, social e económica”.

“A alteração da língua é faz parte do modus operandi, que é substituir a sociedade e cultura de um povo por outras questões elementares que pertençam à Rússia. Na Ucrânia, antes da invasão, já se falava ucraniano e russo, não é nenhuma novidade esta decisão. Há uma tendência de nacionalizar esta nação ucraniana à imagem de Putin e do Kremlin”, afirmou o comentador, na antena da SIC Notícias.

Não é muito difícil à Rússia fazer um implementação daquilo que já estava implementado, que é a utilização da língua russa. O que é mais chocante é a tentativa da legitimação desta províncias através de eleições. Eleições forjadas, ilegais, não conhecidas por qualquer corpo internacional, a não ser os mais interessados: o Kremlin e a Rússia", acrescenta.

Em relação ao encontro entre Vladimir Putin e o presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, marcado para 4 de setembro, Poêjo Torres considera que a Rússia vai tentar tirar vantagem sobre as necessidades da Turquia e do resto do mundo na celebração de um novo acordo dos cereais.

“A Rússia tem várias cartas que pode jogar, não podemos esquecer que a Turquia embora tenha dado luz verde à entrada da Suécia na NATO, ainda não ratificou essa entrada, espera-se que venha a ocorrer em outubro. Isto pode ser um contrapartida lançada por Putin, para a criação do maior hub de gás natural, na Turquia, e Erdoğan está muitíssimo interessado. Haverão muitas moedas de troca que podem ser utilizadas na negociação destes novos acordos. Porque nem o Ocidente, nem a Rússia estão interessados em este impasse”, concluiu.

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