A vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Maliar, diz que Rússia fez explodir barragem para evitar um ataque no Sul. Este é um dos temas em análise pelo comentador da SIC, Germano Almeida, que aborda também os avanços da contraofensiva ucraniana, as perspetivas para uma negociação de paz com Putin e o maior exercício aéreo da história da NATO, que começa esta segunda-feira.
A Ucrânia assume que acusa a Rússia de ter feito explodir a barragem. "Parece-me mais do que evidente que isso interessava à Rússia e não à Ucrânia, para atrasar a contraofensiva ucraniana a Sul, o que faz todo sentido porque estamos a falar de uma área enorme, gigantesca, ainda por avaliar, que está o submersa ou com a mobilidade completamente comprometida durante muito tempo e seria área que teria o grande interesse por parte da contraofensiva ucraniana de recuperar ali o corredor Sul, que poderia ser fundamental ao acesso à Crimeia”, defende Germano Almeida.
O Ministério da Agricultura da Ucrânia estima que 10.000 hectares de terras agrícolas estão submersos na parte da província de Kherson controlada pela Ucrânia e "muitas vezes mais que isso" no território ocupado pela Rússia. A ONU já tinha alertado que 700 mil pessoas estavam sem água e que este desastre teria efeitos na disponibilidade de alimentos e nos preços dos mesmos.
Contraofensiva conduzida em pelo menos quatro frentes
Segundo o Instituto para o Estudo da Guerra, a contraofensiva está a ser conduzida pelo menos em quatro frentes. Nas últimas 48 horas, as forças ucranianas terão conseguido penetrar nas primeiras linhas de defesa russa, tendo alcançado alguns progressos na linha da frente.
“Dados de ontem apontam para algum avanço ucraniano, mas é preciso ter a noção de que ainda está tudo no início, muito no início. A própria Ucrânia aponta que ontem terá avançado entre 500 e 1.500 metros. Para termos uma ideia de como é muito pouco, perante o espaço e a dimensão da Ucrânia”, explica o comentador da SIC.
O movimento Yellow Ribbon, um movimento de resistência nos territórios ucranianos ocupados pela Rússia, demonstrou, no quartel-general das forças russas na região de Zaporíjia, que está à espera da libertação da cidade pelas forças de Kiev.
Segundo as estimativas das autoridades ucranianas, a Rússia perdeu mais de 215 mil soldados desde o início da guerra na Ucrânia e ainda cerca de 29% do total de tanques.
No caminho da paz: Scholz diz que quer conversar "em breve" com Putin
Olaf Scholz pretende voltar a conversar “em breve” com o Presidente russo, mas ressalvou que a condição prévia para uma “paz justa” é que a Rússia retire as suas tropas da Ucrânia. Uma paz justa significa o respeito pela integridade e pela soberania territorial do país, bem como o fundamento do direito internacional de que as fronteiras de um país não podem ser “violadas pela força e não podem ser alteradas”.
“Por muito que nos custe, a paz não se faz com os amigos, faz-se com os inimigos e, portanto, há de haver um momento em que a ideia de ir falar com o agressor, que é Putin, tem que regressar”, diz Germano Almeida.
O líder alemão recordou que já falou com Putin, em várias ocasiões, inclusive desde o início da invasão russa da Ucrânia, e que tenciona voltar a fazê-lo em breve. À questão de uma hipotética negociação, respondeu que cabe à Ucrânia decidir como e em que condições, enquanto país vítima de uma guerra de agressão “que partiu da Rússia”.
Maior exercício aéreo da história da NATO
“Começa hoje o maior exercício de sempre da NATO, do ponto de vista defensivo aéreo, na Alemanha, a Alemanha a liderá-lo. São 25 países e, portanto, cerca de metade dos países da NATO também com a Suécia, que está quase a entrar e esse é um sinal de que possivelmente a Suécia vai entrar daqui a um mês na Cimeira da NATO".
Germano Almeida acrescenta que este exercício da Aliança Atlântica, “envia à Rússia a mensagem de que a NATO está preparada para tudo, de forma pragmática, mostra grandes meios, 10.000 combatentes e 200 e tal aviões, muitos países”.