Guerra Rússia-Ucrânia

"Grupo Wagner deu ordens para disparar contra maiores de 15 anos", admite ex-mercenário

Uldarov, que teve a sua pena perdoada por decreto presidencial em setembro de 2022, confirmou que cumpriu as ordens e que “matou crianças” em Bakhmut.

LIBKOS

Lusa

SIC Notícias

Um antigo mercenário do Grupo Wagner recrutado numa prisão russa disse esta segunda-feira que recebeu ordens para matar civis ucranianos com mais de 15 anos, segundo a organização Gulagu.net, que denuncia abusos em prisões russas.

"O Grupo Wagner deu ordens para disparar contra todos os maiores de 15 anos. Entre 20 e 24 pessoas foram baleadas, incluindo dez adolescentes entre os 15 e os 17 anos", disse Azamat Uldarov, recrutado pelo Grupo Wagner numa das campanhas de recrutamento nas prisões russas.

Uldarov, que teve a sua pena perdoada por decreto presidencial em setembro de 2022, confirmou que cumpriu este tipo de ordens e que "matou crianças" durante a campanha militar russa na qual participou.

"O que fizemos quando entramos em Bakhmut foi terrível. Eles deram-nos ordem para aniquilar todos", disse Uldarov.

Yevgueni Prigojin, chefe do Grupo Wagner, deu ordens para "não deixar sair ninguém", adiantou.

"Chegamos, eramos 150, e deram ordem para limpar a área com todos os meios e organizar a defesa. Nós matamos toda a gente. Mulheres, homens, idoso, crianças", descreveu o entrevistado.

Chefe do Grupo Wagner rejeita estas afirmações

No seu canal na rede social Telegram, Prigojin rejeitou as afirmações de Uldarov.

"Ninguém dispara contra civis ou crianças. Ninguém precisa disso. Nós fomos lá para salvá-los do regime que os subjugava", retorquiu o chefe do grupo Wagner, referindo-se ao Governo ucraniano.

"Infelizmente agora não tenho a possibilidade de ver o vídeo [de Uldarov] completo. Assim que tiver, sem dúvida, vamos estudá-lo detalhadamente e fazer uma avaliação final", adiantou.

O vídeo da conversa entre Uldarov e o fundador da organização Gulagu.net, Vladimir Osechkin, foi publicado no canal da organização na rede social Youtube.

Osechkin, que já partilhou entrevistas com outros ex-mercenários recrutados pelo Grupo, defendeu que os testemunhos recolhidos devem contribuir para a abertura de processos criminais contra Prigojin e outros altos membros do Grupo Wagner por "dezenas de assassinatos cruéis, uma série de crimes de guerra e crimes contra a humanidade".

Últimas