A Rússia e a Bielorrússia anunciaram esta terça-feira, ter começado em território russo a instrução de soldados bielorrussos no uso de armas nucleares "táticas", depois de Moscovo ter anunciado recentemente o envio deste tipo de armamento para solo bielorrusso.
"Um sistema de mísseis operacionais táticos Iskander-M foi entregue às forças armadas bielorrussas. O sistema permite o uso de mísseis comuns, mas também nucleares", disse o ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu.
"Desde segunda-feira que os militares bielorrussos estão a ser treinados no uso [do armamento nuclear] num centro de instrução russo", acrescentou Shoigu, sem precisar a localização da unidade de instrução.
Por seu lado, o Ministério da Defesa bielorrusso indicou que os soldados que estão a receber instrução "vão estudar em pormenor" as questões relacionadas com o conteúdo e uso de munições nucleares táticas.
"Os soldados bielorrussos vão cumprir um ciclo completo de treino num centro de instrução das forças armadas russas", indicou o ministério num comunicado, sem especificar por quanto tempo decorrerá a formação.
No dia 25 de março, o Presidente russo, Vladimir Putin, anunciou que Moscovo iria enviar armas nucleares "táticas" para a Bielorrússia, um tradicional aliado e o principal apoiante no conflito na Ucrânia, gerando preocupação em Kiev e no Ocidente.
De que armas se trata?
Pela primeira vez, a Rússia coloca armas nucleares fora das suas fronteiras desde a década de 1990. Antes da queda da União Soviética em 1991, Moscovo tinha armas nucleares estacionadas na Ucrânia, Bielorrússia e Cazaquistão. Mas foram transferidas de volta para o território russo em 1996.
Segundo Putin, dez aviões foram já equipados na Bielorrússia com armamento nuclear tático, prevendo-se que, até 1 de julho, fique concluído um paiol especial para acolher tal tipo de armamento.
As chamadas armas nucleares "táticas" podem causar graves e imensos danos, mas o raio de destruição é mais limitado do que o das armas nucleares "estratégicas".
Na semana passada, o Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, afirmou que estava pronto para receber armas nucleares "estratégicas" russas no país, além de armas "táticas".
Os oficiais russos têm vindo a emitir ameaças de que usariam armas nucleares na Ucrânia caso o conflito suba “significativamente de tom”.
Mesmo o antigo presidente, Dmitry Medvedev, deixou claro:
Não querem entender que os seus objetivos certamente vão levar a um fiasco total. Perda para todos. Um colapso. Apocalipse. Onde se esquecem durante séculos da vossa vida anterior até os escombros pararem de irradiar.”
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).