O antigo Presidente russo, Dmitry Medvedev, voltou esta segunda-feira a alertar – ou ameaçar - para o risco global de uma catástrofe nuclear.
Em causa está o envio de armas do Ocidente para Kiev para ajudar as forças ucranianas a defenderem-se da Rússia.
“É claro que o envio de armas pode continuar... [mas isso vai] impedir qualquer possibilidade de retomar as negociações”, disse o aliado do Presidente da Rússia ao jornal Izvestia, citado pela agência Reuters.
“Os nossos inimigos estão a fazer exatamente isso. Não querem entender que os seus objetivos certamente vão levar a um fiasco total. Perda para todos. Um colapso. Apocalipse. Onde se esquecem durante séculos da vossa vida anterior até os escombros pararem de irradiar.”
Os recentes comentários do aliado do Presidente russo surgem no dia seguinte ao próprio Putin acusar o Ocidente de querer destruiu a Rússia e de “participar nos crimes” de Kiev.
No Conselho dos Direitos Humanos da ONU, a ministra dos Negócios Estrangeiros francesa, Catherine Colonna, classificou os comentários de Medvedev como "retórica inflamatória".
"Infelizmente, o Sr. Medvedev há muito que nos acostumou com declarações irresponsáveis e ultrajantes que, de forma alguma, refletem a realidade. Esta é uma retórica inflamada que ficaríamos felizes em dispensar”.
A retórica apocalíptica de Medvedev tem sido visto como uma tentativa de impedir a NATO e os aliados de se envolverem ainda mais na guerra na Ucrânia.
Rússia suspende participação no tratado sobre armas nucleares
O Presidente russo declarou que Moscovo suspendeu a sua participação no tratado New START, o último pacto de controlo de armas nucleares que restava com os Estados Unidos, aumentando a tensão com Washington sobre a invasão da Ucrânia.
Falando no seu discurso sobre o Estado da Nação, Vladimir Putin disse também que a Rússia deveria estar pronta a retomar os testes de armas nucleares se os Estados Unidos o fizessem, uma medida que poria fim à proibição global de testes de armas nucleares, em vigor desde os tempos da Guerra Fria.
Explicando a sua decisão de suspender as obrigações da Rússia no âmbito do New START, Putin acusou os Estados Unidos e os seus aliados da NATO de declararem abertamente o objetivo da derrota da Rússia na Ucrânia.